Agora, o motivo é Kenzo
Na nossa cultura ocidental, ser magro é o sinônimo de sucesso e de beleza e nos esquecemos que supervalorizar a magreza pode nos levar à morte e as adolescentes, em idade de crise, são a população de alto risco como nos temos apercebido.
Relacionado com essas doenças, estão as pílulas perigosas, que são inibidoras de apetite. E que há até bem pouco tempo era ou ainda é, a dieta dos sonhos de qualquer gordo. A fen-phen, como era conhecida, não sei se ainda existe em circulação; porque a clínica Mayo, nos EUA, divulgou já há alguns anos que esse tratamento envolve risco de vida. A combinação era para ser usada como tratamento em casos sérios de obesidade, em que a necessidade justificasse os riscos – mas acabou sendo usada até por quem desejava perder alguns quilos. O problema, observado em vários consumidores de fen-phen, é a formação de uma substância branca e gordurosa que impede o fechamento completo das válvulas que controlam o fluxo do sangue no coração. Mais de vinte milhões de americanos e outros milhares em outras partes do mundo consomem a combinação fen-phen, que tem no Brasil um coquetel similar denominado Femproporex. O estudo representa novo baque na indústria dos inibidores de apetite. Outra questão se relaciona com aquelas modelos que, contratadas e enviadas para o estrangeiro, passam fome por não terem condições para se manter. Os agentes dessas modelos deveriam ser responsabilizados, até judicialmente. A meu ver, o caso já é de polícia...
Muitas delas até são menores de idade. Deveria, penso, haver uns tantos censores da propaganda televisiva contra aqueles que fizessem apologia à magreza e aos inibidores de apetite. É do nosso inteiro conhecimento que o discurso publicitário vise sempre apelar à sensibilidade, mobilizar o desejo, induzir o potencial consumidor a optar por um determinado produto, mesmo que seja fatal e os seus argumentos são muitas vezes de natureza emocional, apela-se ao sentimento e a motivações de natureza inconsciente. Ser diferente, num mundo de semelhanças, é para muitos desses senhores publicitários – apologistas da magreza – uma definição e uma realização de uma estratégia, que torne únicos seus produtos mortíferos e serviços.
O cerne da questão é: pode o sujeito distanciar-se do mundo que observa desde criança e o seu conceito de beleza? Não sei...
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