MEU ROMANCE

MEU ROMANCE
O DIA QUE NGOLA DESCOBRIU PORTUGAL

ESCRITOR & PROFESSOR


terça-feira, 8 de setembro de 2009

A poetisa Izilda esposa do poeta Osmar Casagrande, Vice-presidente da APL, eu, o escritor Boaventura Cardoso, Adriana, esposa do Luís, funcionário da

Dr.Almeida, presidente da Academia Tocantinense de Letras, eu e minha esposa, Kleice

FOTOS DA VISITA DE BOAVENTURA CARDOSO

ESCRITÓRIO MODELO DA UFT NO FORUM DE PALMAS


Fruto de parceria entre o Tribunal de Justiça (TJ) e a Universidade Federal do Tocantins (UFT), foi inaugurado na última terça-feira, dia 31, o novo Escritório Modelo do curso de Direito no Fórum de Palmas. A solenidade contou com a presença do reitor da UFT, Alan Barbiero; do diretor do Fórum, Luiz Astolfo Amorim; do coordenador do curso de Direito, professor João Portelinha; do juiz auxiliar da presidência do TJ, Luiz Otávio Fraz; do presidente da OAB-TO, Luciano Ayres; da diretora do Fórum da Justiça Federal, Denise Drummond; e do secretário-chefe do Gabinete Civil da Prefeitura de Palmas, Deocleciano Gomes, entre outras autoridades, alunos e professores.
Segundo o diretor do Fórum, Luiz Astolfo Amorim, o objetivo do Escritório Modelo é contribuir com estágio, carga horária e aprendizagem dos alunos de Direito, cumprindo as exigências do Ministério da Educação, “além de prestar serviço gratuito à população carente, que acaba sendo a maior beneficiada”, ressaltou.
O coordenador do curso de Direito, professor João Portelinha, também enfatizou a importância do escritório como forma de contribuir com uma formação sólida aos estudantes e com as camadas mais excluídas da sociedade, “possibilitando atendimento jurídico gratuito, eficaz e zeloso”.
Para o reitor da UFT, Alan Barbiero, o evento representou o compromisso da Universidade na construção de uma sociedade civil consolidada, que busque a igualdade social, tanto no acesso às oportunidades de aquisição de conhecimento, quanto nas condições de garantir os direitos de todo cidadão.

LITERATURA REGIONAL E HUMOR NO CAFÉ LITERÁRIO NO 5º SALÃO DO LIVRO

Eutarzan Carvalho

Dando prosseguimento à série de lançamentos de obras literárias regionais, o Café Literário do 5º Salão do Livro do Tocantins, foi palco, nesta sexta-feira, 15, para a publicação de uma série de livros de autores regionais como Odir Rocha, Juarez Moreira Filho, João Portelinha, Otavio Barros, Osmar Casagrande e outros. O espaço também foi palco para os causos hilariantes do paraibano Jessier Quirino.

A primeira obra lançada no dia foi o livro “Caminhada”, de Odir Rocha, composto por 56 poemas que aborda as várias formas de expressão, e segundo o autor, retrata a luta que ele trava contra uma doença. “Esta obra tem muito a ver com a minha “Caminhada” que iniciei, contra um câncer no ano passado. Este é um livro que retrata o ser humano, onde falo do nascimento, transformação, da morte, beleza, entre outros sentimentos”, lembrou.

No palco do Café Literário, foram lançados vários outros livros de escritores membros da ATL – Academia Tocantinense de Letras e da APL – Academia palmense de Letras. Juarez Moreira Lima apresentou três obras (Infância e travessura de um sertanejo, Rancho alegre e Mangaratiba). Otavio Barros Trouxe ao público, “A Nova História do Tocantins”; Osmar casa grande lançou e recitou poemas do livro “A casa (in)Cômodos (di)versos; e João Portelinha publicou “O dia que um Ngola descobriu Portugal”. Este livro retrata o relacionamento do povo angolano com os portugueses, desde o tempo da escravatura.

A solenidade de lançamento das obras foi prestigiada pelos escritores membros da ATL, Fidêncio Bôgo, José Cardeal e Eduardo de Almeida. Os freqüentadores do Café Literário apreciaram ainda o show musical de Marcos Ruas.

Humor
A noite do Café Literário foi marcada pela presença hilariante de Jessier Quirino. O poeta recitou versos e contou causos da vida interiorana, que enfatiza a esperteza e a simplicidade típica do sertanejo nordestino. De acordo com Quirino, os seus causos são na maioria, histórias verídicas que as pessoas contam. “A espinha dorsal dos causos que conto, são histórias da vida real. Eu apenas coloco o tempero do meu estilo poético”, concluiu.

No show, “Poético em Formato de Solo”, Jessier Quirino intercalou causos como “O Matuto no Cinema”; “O Político”, e o famoso poema “Cagado e Cuspido”.

Cultura

Fundação Cultural apóia lançamento de livro de João Portelinha

28/08/2003 - Lorena Ursula - 7 Leitura(s)

Com o apoio da Fundação Cultural do Tocantins, o escritor e coordenador do curso de Direito da Universidade Federal do Tocantins, João Portelinha, lança nesta sexta-feira, dia 29, o livro Sentir a Terra nas Vozes Populares”. O coquetel de lançamento será às 20h, na OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, em Palmas.

A Obra

Crônicas de Risos e Lágrimas - Sentir a Terra nas Vozes Populares” é a 15ª obra de João Portelinha e retrata a influência da cultura angolana no Brasil. O autor lembra a presença negra nos quitutes baianos, na capoeira, no berimbau, nos colares de búzios, no andar rebolado, no azeite dendê, pimenta, quiabo, além de vocábulos como muamba, tanga, moleque etc. Publicada em Brasília, DF, em 1997, a obra só agora será lançada oficialmente. No livro, o autor relata um diálogo transcultural entre países que utilizam a língua portuguesa: Angola, Brasil e Portugal.

De forma simples e objetiva, João Portelinha faz um estudo comparativo entre o português fundamental, lusitano e o português angolano, assim como autores conhecidos como Machado de Assis, Lima Barreto, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos e Ariano Suassuna. A obra é direcionada aos que se interessam em descobrir as origens culturais do miscigenado povo brasileiro.

Para o autor, a frase que está no primeiro capítulo, já revela o conteúdo do livro: “... Não sei quem é o pai do Brasil. Mas de que Angola foi Mãe Preta, que o trouxe no colo e o amamentou culturalmente. O livro é também um protesto contra a guerra que assolou Angola e um apelo às gerações futuras.

O Autor

João Rodrigues Portelinha da Silva é natural de Huambo, Angola. Estudou Ciências Políticas na Alemanha, Direito em Angola, Filosofia Jurídica na Bulgária. É Doutor em Sociologia Jurídica pela Universidade de Brasília e Pós-doutor em Sociologia Jurídica em Coimbra, Portugal.

João Portelinha está no Tocantins desde 1999. Atualmente é coordenador do curso de Direito da UFT e professor titular de Direito Internacional Público da mesma universidade, é membro da Academia Palmense de Letras, do Sindicato de Escritores de Brasília e membro da União dos Escritores Angolanos (UEA). É também cronista de vários jornais angolanos e brasileiros. ( O TEXTO É DO SITE DO SECOM)

DIA NACIONAL DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

Em comemoração ao Dia Nacional dos Tribunais de Contas, o TCE realizou uma Tarde Cultural. O evento aconteceu na Biblioteca do Instituto 5 de Outubro, e contou com a exposição das pinturas da artista plástica Rosa Aquino e obras da Livraria Palmas Cultural, além da apresentação do Coral de Contas com as músicas "Vamos Colorir" e "Nas Asas da Canção".

Estiveram presentes os conselheiros Manoel Pires dos Santos, presidente em exercício, e José Wagner Praxedes; Isabel Dias Neves, presidente da Academia Tocantinense de Letras; João Rodrigues Portelinha da Silva, presidente da Academia Palmense de Letras; Patrícia Mendonça Jorge Rocha, mestre em Literatura Brasileira; Almecides Pereira de Andrade, poeta, escritor, artista plástico e historiador; e Mary Sônia Matos Valadares, poeta, contista e servidora do TCE.

Foram declamadas poesias de autores regionais e nacionais, como Carlos Drummond de Andrade. Também foi abordada a importância do espaço da biblioteca e da leitura como formas de enriquecimento cultural.

O evento foi encerrado com um coffee-break, ao som de canções interpretadas pelo ouvidor Evandro Guimarães Santos Filho e músicos convidados. As programações comemorativas do Dia Nacional dos Tribunais de Contas encerram-se hoje à noite, às 20h, com a reapresentação do musical "Nas Asas da Canção".

A NOSSA LÍNGUA !

Todos se queixam de que o português é um idioma muito difícil. A queixa pode ser lógica porque a língua falada é uma, mas a língua escrita é outra. A habilidade verbal do brasileiro é uma coisa admirável. Nos bares, nas ruas, em prosas à beira de copos ou pratos, no rádio e na televisão, a língua do Brasil floresce em todo esplendor. Mas, quando precisa escrever, começa a tropeçar logo nas primeiras linhas. É que no Brasil se lê pouco e se escreve menos ainda. Uma providência adicional é exigir dos candidatos a cargos públicos que saibam ouvir, falar, ler e escrever português. A ignorância não pode servir de álibi a ninguém para violar a gramática, a constituição de nossa língua. Afinal, é preciso respeitar a língua nossa de cada dia! Entretanto, as transgressões da norma culta são recursos às vezes indispensáveis a romancistas, contistas, poetas. Jorge Amado, empenhado, na vaga do Romance de 1930, em registrar os diálogos dos personagens tal como eram proferidos na realidade documental que procurava espelhar em seus romances, foi chamado de analfabeto. Contudo, Graciano Ramos fez opções frente a dilemas semelhantes e mostrou como podem ser conciliados norma culta e registros documentais. Erico Veríssimo mostrou que gaúcho empregava “Le” em vez de “lhe”. Duas décadas mais tarde, João Guimarães Rosa cunhou o dito famoso de que pão ou pães era questão de “opiniães”. Ainda nos anos 20, os modernistas já questionaram duramente a rigidez da norma culta. E verdade o nosso idioma é bem difícil até para os intelectuais, como podem ver. Não é por acaso que num dos Estados mais desenvolvidos da Federação, certa mãe, inconformada com o fato de o filho não saber ler, resolve apelar aos tribunais. Mas os problemas não são apenas nas escolas primárias porque até no ensino superior a língua portuguesa é tratada a pontapés. A nossa língua apresenta um verdadeiro arsenal de expressões, temos palavras para tudo. No entanto, o inglês irrompe aqui e ali com uma freqüência assustadora, às vezes acompanhado de um séquito de mercenários de outras línguas, pois é chique inserir também algumas prebendas de francês, italiano e – para os mais afeitos ao Cult- de alemão ou qualquer outro idioma que não seja o nosso. Na universidade, os Papers substituem artigos, textos, relatórios. Quer dizer proclamamos que a língua oficial do Brasil é uma. Mas como a tratamos? Sendo nossa mãe, patrimônio público, marca da identidade nacional, ferramenta de trabalho, instrumento de cidadania e meio de expressar nossa vida, merece mais cuidadado.
No entanto, " é bom que se tenha esta meridiana noção de mudança tão significativa, deixa (deixou) e ser a língua portuguesa para ser dos brasileiros para ser moçambicana, cabo-verdiana, angolana, gunieense, são-tomense.De modo ininterrupto e criadoramente vai sujeitar-se aos mais imprevistos desvios, interfer~encias, empréstimos, fenômenos de prosódia, com variações de acento, de entoação, de ritimo, sabe-se lá. (Ferreira,1976). A Merissônia, membro da APL e da ATL, questiona: e o acordo ortográfico como é que fica? Não sei minha querida.... Acho que ninguêm sabe...

O PRIMEIRO MÊS DE OBAMA

Para qualquer governo, o primeiro mês é sempre muito difícil porque se começa sempre montando a equipa. Não é um processo muito fácil devido a inúmeros interesses que estão em jogo, às vezes partidários e ou não, mas que em uma análise convergem para que haja um bom governo ou não. Obama teve alguns problemas em montar os eu staff de colaboradores. Talvez isso tenha acontecido pelo fato de querer um governo “multipartidário” para acabar com a crise. Quanto todas as forças se convergem para algo ou para algum propósito o êxito é sempre mais fácil de ser alcançado. Pelo menos foi o que Obama pensou... A prática nos demonstrou que nem sempre é fácil conciliar os interesses políticos, ideológicos e outros, que cada partido tem. Ora, aprendemos que objetivo primordial de um partido sempre foi o poder. Seria pouco lógico que o partido republicano facilitasse a governabilidade de Obama ou fosse parceiro do seu governo. Talvez, também, a atitude de Obama se deva o fato de não quer uma oposição ferrenha dos republicanos. Não deu certo essa iniciativa de Obama, mas pelo menos ele tentou... No segundo dia do seu governo, foi um grande dia para os direitos humanos: confirma-se o encerramento de Guantánamo, e a modificação das regras de detenção e interrogatório (tortura) dos prisioneiros da “guerra cósmica contra o terrorismo”, incluindo o fim (espera-se...) das prisões secretas do magrebe e leste da Europa, e a aplicação das convenções de Genebra. Resta saber o que será feito com os detidos: repatriamento, exílio em terceiros países ou julgamento em solo dos EUA. No plano econômico Obama ordena ao tesouro americano que deixe mais dinheiro nos bolsos dos contribuintes. Da inicio ao corte de impostos para enfrentar a crise financeira mundial. O objetivo é beneficiar ao menos 95% das famílias até 2010. Pela estimativa, cada cidadão norte-americano terá mais de 65 dólares para gastar por mês. Em uma Pesquisa de opinião realizada pela rede de TV CNN e pelo Opinion Research Corp, confirma que, em um mês de governo, a aprovação do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, caiu nove pontos percentuais, mas dois terços dos americanos continuam apoiando o democrata, o primeiro negro eleito para o cargo. O apoio de Obama caiu de 96% para 92% entre democratas e 50% para 31% entre os republicanos, mas, segundo nossa análise, a queda não representa o fim da lua de mel entre o presidente e a população, visto que a queda se deu principalmente entre os republicanos, e Obama é democrata. No plano econômico assinado durante a semana teve a aprovação de 60% dos consultados, sendo que 53% dos americanos acreditam que o pacote melhorará a vida da população. A eleição de Obama é a vitoria da America sobre si mesma. Significa que o sonho americano esta tão vivo que é capaz de derrotar um dos mais fundos preconceitos que ainda hoje afeta a nossa sociedade. o racismo. A vitalidade da democracia americana é uma lição que nos interpela. Possivelmente não teria ganhado as eleições sem crise que se vive na América. A verdade é que os níveis de desigualdade social criados pelas receitas neo-liberais não eram sustentáveis. Basta dizer que diferenças de rendimento nos EUA voltaram a ser comparáveis ao período que antecedeu a grande depressão. Porém, hoje vivemos num mundo globalizado, em que os EUA ocupam uma posição dominante, e daí a exportação à escala global, desse modelo de injustiça e desigualdade. Todos nós estamos pagando essa fatura e, no Brasil, infelizmente não fugimos à regra: socializar as perdas e manter os lucros privados. Desejamos muita sorte ao Obama porque os nossos destinos infelizmente estão interligados. Como os outros países, dependemos do epicentro de tudo – EUA!

In "Palmensis Mirabilis" de João Portelinha

Motivações que agem nos recônditos do poder

A questão da motivação dos políticos é crucial neste debate. Tem-se argumentado comumente, (por ex: na escolha da vida pública) que o interesse deles é pessoal porque “buscam o poder” nas eleições ou de outra maneira. Buscar o poder político é realmente a definição de um político. Mas qual a razão dos políticos buscarem o poder? O poder não é algo que se possa comer ou qualquer coisa do gênero. É o meio para fazer coisas, como diz a minha filha Loara de dez anos. Então, o seu valor obviamente deveria depender do que você pode ter por ele. Se o objetivo final se consubstanciasse apenas na obtenção da riqueza ou consumo, então as habilidades e a energia dos políticos seriam usadas mais proveitosamente nos negócios privados – pelo menos em alguns regimes... Ora, políticos em busca do poder têm a seguinte e interessante lógica, no meu ponto de vista: como o poder político capacita-nos a fazer coisas públicas buscam o poder para buscar o poder, e assim por diante. Assim, como hão de convir comigo, não existe nenhum resultado final para eles. Portanto, na visão geral da economia, essa atividade seria simplesmente inútil e eles não deveriam buscá-lo nem gastar energia nisso, se fossem homens “racionais”... Mas eles realmente se dedicam a essa atividade, geralmente com muito vigor, dedicação, energia e tempo. Uma explicação possível seria de que eles gostam justamente do processus em si, como um jogo ou atividade “final”. Mas esse gosto pelo processo é classicamente denominado “irracional” nessa visão do homem. E é difícil e desconcertante fazer com que a explicação do sistema se baseie inteiramente na conduta irracional. Outra alternativa é que os políticos estão na política para honrarem “a tradição política da família” e coisas do gênero... Para Mills, a elite do poder é de fato um “grupo de status” no sentido Weberiano do que uma “classe” no sentido marxista. Assim, estar no poder ou buscar permanentemente o poder deriva da detenção de certos “papéis” estratégicos. Na sociedade moderna, o poder está institucionalizado. Entre as instituições, pelo menos três possuem uma posição axial: A instituição política, econômica e a militar (mais relevante nos países pouco democráticos). Por isso mesmo, os que estão colocados à frente dessas hierarquias institucionais se sucedem, sendo familiares ou não, ocupando os postos de comando estratégico da estrutura social. Em resumo, na sociedade, as “decisões-chave” (key decision) são tomadas um escol que é composto pelos dirigentes dessas instituições que cada vez mais se encontram concentradas e, entre elas, existe uma solidariedade inquebrantável, cada vez maior e intercambiáveis. Tais hierarquias institucionais penetram-se, compenetram-se, e entre as mesmas a circulação faz-se fácil e frequentemente. Porque à frente delas estão dirigentes cujas origens de consangüinidade, de classe, status, formação e interesse são idênticos. Muito deles, da mesma família se sucedem por séculos no poder. Uma vez “mais progressistas” que os seus progenitores e outras vezes mais retrógrados mesmo. No entanto, as similitudes sociais, as afinidades psicológicas, as coincidências de interesses e objetivos que os unem são mais fortes, às vezes, que qualquer laço de parentesco. Outra descrição ou alternativa menos severa é que os políticos buscam o poder porque ele os capacita implementar a sua concepção do que é bom e justo para a sociedade, servir o povo ou ao país. Talvez educando as pessoas no processo, ou simplesmente implantando o que eles querem. Contudo, essa conduta politicamente ética, infelizmente nem todos os políticos possuem. Na realidade, a resposta para a questão do que os políticos buscam é ao mesmo tempo óbvia e irredutível a uma asserção simplista. Não haja dúvidas de que eles querem trabalho, posição, fama, influência, o exercício do poder, o ideal, a serem úteis e serem reconhecidos como tal, atividade, o desafio, a auto-imagem, a riqueza (mais difícil agora com a Lei da Responsabilidade Fiscal), os benefícios adicionais, etc. Isso os tornaria diferentes do resto da humanidade? Creio que não. As relações desses elementos entre si e com outras conseqüências conjuntas, causas conjuntas ou causa e efeito, e, com igual conseqüência, competem entre possibilidades. Portanto, separar as várias motivações e confrontrá-las muitas vezes não é um exercício relevante. Contudo, as razões pelos quais as pessoas se dedicam à política constituem uma auto-seleção que pode oferecer aos políticos uma mistura um tanto particular de motivações. Entre elas, as que conduzem a implementação dos seus projetos, ideais, bem como, as de cunho familiar ou simplesmente a busca de celebridade Há toda uma necessidade imperiosa de se fazer uma análise sobre este assunto numa dimensão humana em todas suas vertentes.

In "Vozes Populares" de joão Portelinha

O GRANDE PARADOXO...

A nossa época é, apesar de tudo, a melhor de todas as épocas de que temos conhecimento histórico; e que a forma de sociedade em que vivemos no Ocidente, a despeito de muitos defeitos, é a melhor que conhecemos.

Não é, sobretudo, o bem-estar material que tenho em mente, se bem que seja extremamente significativo que, no curto espaço de tempo decorrido desde a segunda Guerra Mundial, a miséria tenha desaparecido quase por completo do Norte e do Ocidente europeus – enquanto a maioria da população do planeta morre de fome (especialmente como conseqüência do desemprego, corrupção das classes dirigentes, má distribuição de renda, problemas climáticos e problemas estruturais...) e seus dirigentes políticos vivem na opulência! O desaparecimento da miséria, infelizmente apenas no Ocidente, tem diversas causas, dentre os quais a mais importante será porventura a intensificação da produção. Gostaria de referir três causas que se revestem de importância particular em conexão com o nosso tema: elas revelam claramente aquilo em que se acredita no Ocidente.

Em primeiro lugar, a nossa época estabeleceu um credo moral, que se impôs abertamente como evidência moral. Refiro-me à tese de que ninguém deve passar fome em quanto houver o suficiente para comer. E tomou seguidamente uma resolução, a de não deixar ao acaso a luta pela pobreza, mas de considerá-la como uma obrigação elementar de todos, em particular dos que usufruem de uma boa situação material.

Em segundo lugar, a nossa época acredita no principio de dar a todos a melhor oportunidade na vida – igualdade de oportunidades -; ou, por outras palavras, acredita, na luta contra a miséria através do saber; e acredita, por conseguinte, e com razão, que a formação universitária deve ser tornada acessível a todos que possuem as optidões necessárias.

Em terceiro lugar, a nossa época despertou nas massas necessidades e a ambição de posse. É evidente que isto representa uma evolução arriscada, mas sem ela a miséria das massas é inevitável: isto foi claramente reconhecido pelos reformistas dos séculos XVIII e XIX. Constataram que os problemas da pobreza era insolúvel sem a participação dos pobres e que havia que despertar primeiro o desejo e a vontade de melhorarem a sua situação para se conseguir a sua colaboração. Alguns pensadores que atualmente se interessam pela questão ambiental numa perspectiva filosófica ressaltam que talvez o traço mais marcante da civilização moderna tenha sido a ideia de que o ser humano é tão mais humano quanto consegue estender o seu controlo sobre todos os níveis e planos da sua existência... Para aqueles que pensam a questão ambiental nos seus aspectos filosóficos e espirituais, é de singular importância a construção de uma ética que se baseie num sentido de respeito e cordialidade para com natureza que nos envolve e a natureza que somos... Em alguns fóruns onde se discute o meio ambiente fala-se em proteger tudo que nos cerca e, em nenhum momento, infelizmente, falam sobre milhares de seres humanos que perecem por inanição... É necessário que surja uma ética da superação da visão do mundo que tentou e continua tentando reduzir os seres, incluindo o próprio homem, à condição de objetos submetidos à racionalidade do cálculo e da produção. É necessário uma mudança radical de compreender o lugar de ser humano no universo, o nosso lugar entre os outros seres... A pergunta que os ambientalistas fazem sempre: “o que seria do homem sem os animais e sem as plantas? E eu pergunto: que seria o mundo com plantas e animais (irracionais) sem os Homens? A opção civilizacional mediante o qual o homem se erigiu em valor absoluto, fundamento de toda a verdade e realidade, não é sem graves conseqüências para a vida de todo universo... No entanto, outro extremo, seria, pensarmos no meio ambiente e em ecologia sem pensamos no homem, sem combatermos a fome de milhares de seres humanos... O homem continua ou não ser a medida de todas as coisas?

In "Palmensis Mirabilis" de João Portelinha

O SISTEMA DE DISTRITOS ELEITORAIS

Paralelamente aos debates que se desenvolvem no nosso país a respeito da reforma política, há outra acesa polêmica, relativa à conveniência de se adotar outro sistema eleitoral... Uns tendem para listas dos partidos já com a fixação e nominação de seus candidatos ao pleito. Outro sistema também muito discutido e bastante aplaudido pelo Sociólogo Fernando Henrique, é o sistema de distritos eleitorais, que também apresenta listas com seus candidatos... Será que estamos falando do mesmo sistema eleitoral e pensamos que são sistemas eleitorais diferentes? Ou são de fato diferentes? ... Nenhum proponente ou partido nos tira estas dúvida. Na realidade é uma confusão! Penso que os políticos quanto falam das “listas” estão se referindo ao voto distrital. Por esse sistema, o colégio eleitoral é dividido em distritos, devendo o eleitor votar apenas no candidato de seu respectivo distrito. O exame do sistema revela, no entanto, que ele tem sido aplicado de maneiras diversas, havendo como único ponto uniforme a proibição de que o leitor vote em candidato de outro distrito que não seja o seu. Outro problema que muito cedo teve que ser enfrentado no sistema distrital foi o do número de candidatos a serem eleitos por distrito. Em estreita correlação, havia o problema do número de votos a ser conferido, se o distrito devesse eleger mais que um candidato. Os ingleses, na primeira metade do séc. XIX, os distritos elegiam vários candidatos e o eleitor dispunha de um voto múltiplo, ou seja, podia votar em tantos nomes quantos fossem os cargos a preencher. Na prática, entretanto, o sistema revelava-se complicado, razão pela qual, foram feitas experiências de escrutínio uninominal em que os distritos aplicavam a fórmula um eleitor, um voto. Os resultados foram positivos e o sistema é aplicado até hoje. Além disso, foi-se estabelecendo a redução do número de candidatos por distrito, chegando à conclusão de que é mais conveniente que haja distritos menores, cada um elegendo o seu candidato, o que se aplica hoje na maioria dos países que adotam o sistema distrital.

Porém, o sistema mais original do voto distrital é o do Japão, baseado em distritos denominados “médios”, introduzido durante o regime Meiji, que se transformou em monarquia constitucional em 1889 e durou até 1912. Esclarecendo Tadakasu Fukase, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Hokkaido, observa que o sistema distrital aplicado pelos ingleses era de fato muito democrático que resultara da adoção do sistema eleitoral com pequenos distritos, com escrutínio uninominal num só turno. No entanto, para o caso do Japão, o sistema inglês teria que ser adaptado à realidade nipônica e assim se fez aplicando o “sistema de distritos médios” que elegem de três a cinco deputados. No entanto, o maior problema passou a ser dos partidos, que deveriam estudar cuidadosamente se é melhor lançar vários candidatos num distrito, correndo o risco da excessiva dispersão dos votos, ou se é preferível concentrar o seu eleitorado em um ou dois candidatos, garantindo a eleição destes. Na opinião de Fukase, o regime japonês é de uma variedade de representação minoritária e, antes de tudo, um sistema prático, fácil de ser entendido, permitindo aos eleitores escolher seu favorito do ponto de vista político e pessoal. Qual o melhor sistema distrital para o Brasil, caso ele venha a ser adotado? Como vêm não é fácil adoção de um ou de outro modelo. Deve- se levar em consideração as especificidades do país e da sua cultura. Muitos são os argumentos favoráveis e contrários ao sistema distrital, estes últimos acarretando a sugestão de novas variantes, visando a aperfeiçoá-la e neutralizar as criticas. Os que são contrários alegam que o sistema de distritos atende à perpetuação de lideranças locais, ou pelos favores do governo aos seus partidários locais, ou pela consolidação de lideranças tradicionais, invencíveis nos limites do distrito, mas que podem ser derrotadas quando o candidato pode receber também fora da área de influência dessas lideranças. Além disso, alega-se que o sistema distrital tende a facilitar a corrupção pelo poder econômico, pois a concentração de recursos num só distrito é muito mais eficaz do que quando é necessário comprar os votos, direta ou indiretamente, numa área muito ampla.

Em resposta, os adeptos do sistema distrital ressaltam, antes de qualquer coisa, as vantagens do relacionamento direto do representante com determinado colégio eleitoral restrito. Na próxima edição do nosso jornal falaremos de outras vantagens, segundo seus apologistas...

In " Palmensis Mirabilis" de João Portelinha

A história da vida e o Saci-Pererê

Tudo começou mais ou menos assim... De um caldeirão de criatividade química, e física elementar, que em bilhões de anos foi lentamente concebendo combinações, formas e seres, a vida explodiu nos oceanos e colonizou os continentes. Os elementos químicos primordiais, originários da Terra e do espaço interestelar, foram se combinando para formar moléculas, cada vez maiores e mais complexas até criarem aminoácidos, enzimas e proteínas. As moléculas orgânicas, dotadas de capacidade autoprodutora, já que tinham a capacidade de forem seqüências exatas a elas mesmas, e foram se juntando em grupos integrados, conformando as células. As primeiras células simples foram algas e bactérias que não respiram oxigênio, ao contrário, o produzem através da fotossíntese. Naquela época o oxigênio o oxigênio era veneno. Felizmente, porém não por coincidência ou sorte, o oxigênio combinou-se para formar na atmosfera superior a camada de ozônio, protegendo os seres primitivos, que eram mortos inclementemente pela luz ultravioleta. Mas tarde surge, surgiram outras bactérias capazes de utilizar o oxigênio, descobrindo uma maneira de obter maior quantidade de energia dos alimentos do que o obtido pelas bactérias que dependiam exclusivamente da fotossíntese. Estas bactérias continuaram o processo evolutivo durante milhões de anos até se converterem em animais superiores, enquanto que as fotossintetizadoras deram origem às plantas... Se perguntarmos alguém quem são os seres mais perfeitos que temos no universo, farão certamente uma lista das mulheres mais lindas do Brasil e por incrível que nos pareça estas belas criaturas são o mais recente resultado da evolução de todo esse caldeirão de criatividade química, e física que deve ter aproximadamente um bilhão de anos com um máximo de três, segundo os cálculos mais otimistas. O conhecimento das nossas origens e dos nossos fins está obscuro, estamos muito confusos, não há clareza no caminho a seguir; a nossa situação é semelhante a de um grupo de nômades sedentos no deserto, atraídos com a esperança pela miragem de águas cristalinas de um oásis paradisíaco, que cada vez vemos mais próximo, mas que na realidade esta cada vez mais distante. È a miragem do crescimento econômico sem limites, do desenvolvimento insustentável, do progresso material; guiado pela cobiça e ignorância, em transformar o paraíso da sua própria salvação no deserto que deseja abandonar. O crescimento econômico é quantitativo, injusto, causador do colapso social e ambiental dos países do Terceiro Mundo, cada vez mais pobres. O Desenvolvimento sustentável é qualitativo e justo. Devastamos extraordinária riqueza biológica das nossas florestas para importar algumas toras de madeira ou para produzir carne de insípidos hambúrgueres, talvez mil hambúrgueres por hectare devastado, em troca da destruição da biodiversidade e de uma função climática global, que ainda não valorizamos. Lançamos milhões de toneladas de gases tóxicos na atmosfera, muitos resultantes de queima das florestas que destroem o sistema respiratório da vida na terá. Todo mundo sabe que os bebês não são trazidos pelas cegonhas? Creio que sim... Estou brincando! O fato mais empírico e simples é acreditarmos que os bebês de todas as espécies nascem do solo, do ar, da chuva, do vento, dos alimentos e dos rios... Porém, a chuva, que sempre foi celebrada pelos nossos antepassados como uma dádiva dos espíritos da natureza e da divina providência. É hoje motivo de espanto e de morte na forma de chuva ácida. Antigamente a chuva era sinônimo de bem estar, prosperidade, fartura de alimentos e de saúde; hoje é motivo de preocupação, destruição das lavouras, devastação das florestas, acidificação dos solos e laceração das nossas peles. Na cosmovisão de todos os povos da Terra estão presentes os espíritos da natureza, que geralmente são entidades encarregadas de manter o equilíbrio dos sistemas ecológicos naturais; atormentando os devastadores das florestas, castigando os excessos, protegendo os animas e plantas. A mitologia da Amazônia está habitada por muitas destas fantásticas criaturas: o Saci-Pererê; o Curupira; o Caipora; o Jurupari; A boiúna; o Anhangá e a Uiara. Não é sem razão, que o meu filhinho de quatros anos quando vê na televisão as motosserras cortando incessantemente as árvores das florestas, pergunta-me se o Saci-Pererê ainda tem a outra perna! 150 anos depois da Teoria da Evolução de Charles Darwin ainda se explica a origem da vida a partir da Dão e Eva!!!

In "Palmensis Mirabilis" de João Portelinha

ERAM VERDADEIROS ANGOLANOS!

ERAM VERDADEIROS ANGOLANOS. CONSEGUIRAM PROVAR QUE NOSSA CULTURA ANGOLANA É MUITO RICA, DIVERSA E BELA. CONSEGUIRAM SER FAMOSOS CANTANDO EM VÁRIOS IDIOMAS ANGOLANOS... PROVARAM QUE É VIÁVEL APOSTAR NA CULTURA AFRICANA AUTÊNTICA! É PENA QUE NÓS ANGOLANOS, POR VEZES, NOS ESQUEÇAMOS E QUESTIONAMOS OS NOSSOS HERÓIS, ELES FAZEM PARTE DO NOSSO PATRIMÔNIO CULTURAL, NOSSO FOLCLORE... HÁ DIVERSAS MANEIRAS DE SER- PATRIOTA (NÃO SOMENTE COM ARMAS NA MÃO) COM VIOLAS SE FAZ UMA NAÇÂO. É PENA QUE A NOSSA IMPRENSA ANGOLANA POUCO FALOU DA MORTE DESTE GRANDE PATRIOTA, RAUL EDIPWO. ANGOLA NÃO SE PODE DAR O LUXO DE SE ESQUECER DE SEUS FILHOS MAIS ILUSTRES... SUGIRO QUE O GOVERNO ANGOLANO OS HOMENAGEIE MESMO A TÍTULO PÓSTUMO. VIVA A CULTURA ANGOLANA, VIVA OS NOSSOS GRANDES E ILUSTRES FILHOS! VIVA O NOSSO PATRIMONIO CULTURAL!!!

In “O Dia que Zumbi Descobriu Portugal “

De João Portelinha

Procurei a mulher mais linda de Angola, Pérola! Não podia ter outro nome...

......João de Oliveira, o emissário de Ferreira, sentiu o rosto ruborizar-se, mas não disse nada. Vestiu-se com um gibão de mangas almofadadas, calções limpos e meias de seda, um longo manto cinzento jogado em seu braço direito, e um chapéu com aba larga enfeitado com penas brancas. Acalmou-se com o pensamento de que, se aquele ex-escravo e seus fugitivos pudessem auxiliá-los na batalha contra os holandeses, nenhum preço seria exageradamente elevado por seu apoio, nem mesmo o orgulho e a honra de um senhor de engenho.

Horas depois foram em caminhados para a embala de Nganga Nzumba..

Após as saudações formais e exageradas. Os emissários do senhor Ferreira disseram-no que tinham um presente especial para ele. João de Oliveira, o chefe da missão fez apresentação:

- Um presente, Alteza, para o senhor!

Indecisa, a jovem escrava deteve-se. Embora desejasse prosseguir a marcha, deu apenas um passo a frente, e ficou esperando de um gesto ou uma ordem de Nganga.Nzumba. Seus cabelos negros com trançados africanos, a expressão ligeiramente distante no olhar, um jeito todo especial de fazer beicinho... Nganga levantou-se do seu trono, coisa rara de acontecer!

- aproxime-se – indicou, e a escrava deu alguns passos à frente, chegando mais perto de um rico tapete persa estendido no chão. Nganga Nzumba examinou-a detidamente agarrou-lhe a mão e proferiu algumas palavras numa língua angolana. Nganga Nzumba apercebeu-se que estava ficando sem ar, especialmente quando a luz do sol ia desvendando aquele corpo de cor de cobre, seios voluptuosos, lábios carnudos, pés descalços e muito lindos, cheia de adornos, com pulseiras de cobre nos braços e tornozelos e lindas miçangas no pescoço...

- Ela é muito linda e é do reino do Bailundo! Ela é escrava ou é livre? Perguntou Nganga Nzumba.

João de Oliveira baixou os olhos. Parecia estar assustado com a pergunta.

- É escrava, Majestade!

- Então, agora não é mais! Todos escravos que chegam à nossa terra são pessoas livres. Você quer ficar aqui como uma pessoa livre ou voltar para o engenho? Nem estava à espera da resposta. Era apenas uma forma de dizê-la que a partir daquele momento era senhora do seu destino. Pois, Nganga em nenhum momento pensou em deixá-la ir. Existe uma proibição no quilombo dos palmares: uma pessoa que se torna súdito de Nganga não pode voltar aos portugueses jamais. Se um desertor é apanhado, é condenado à morte.

Os soldados da guarda pessoal de Nganga aproximaram-se, e um deles começou a empurrar uma das pernas da garota para mostrar-lhe que deveria andar. O outro soldado insinuou empurrar suas nádegas. Com um gesto rápido Nganga demonstrou total desagrado. Aquela cena fez com que os que assistiam começassem a rir:

Deixem a Tchirombô a vontade! Agora ela é uma pessoa livre – disse irritado e com ar de reprimenda.

Tchirombô tremia. O colar e seus adornos balançavam. Ela não olhava para Nganga, mas mantinha os olhos fixos à sua frente. Então quando começou a caminhar, Nganga pegou-lhe a mão, e levou-a para o seu lado.

Então Nganga deu atenção ao emissário do senhor Ferreira que havia se aproximado do tapete.

- Vocês nem respeitam a realeza africana! Esta mulher - apontando para Tchirombô – pertence à corte do reino do Bailundo, é parente do rei. É uma vergonha o que vocês nos fazem! – Disse todo irritado e levantado-se. Assim a reunião ficou adiada sine die por conta deste dramático episódio que perturbou bastante Nganga Nzumba. Naquele momento era mais importante Tchirombô que qualquer outra coisa! Tinha aprendido a fala dos humbundos com Tchingira, na sua corte, em Angola e é nesse idioma angolano que os dois tinham conversado um pouco, mas que fora o bastante, para ele entender perfeitamente que ela tinha uma origem nobre.

Afastando-se depressa e acompanhada por um pagem que lhe fora cedida na ocasião, Tchirombô retornou aos seus aposentos. Cerrou a porta, sem dirigir mais nenhum olhar para Nganga Nzumba, que a observava com manifesta inquietude, meditando sobre as poucas palavras que lhe dissera no dia que o foi presenteado, e querendo averiguar a natureza dos sentimentos que o afligiam, bem como dos planos que faria com ela. Tomado de grande tristeza, pensou em conversar novamente com Tchirombô. Esta não saira do seu aposento desde a sua chegada, o que o fazia ficar bastante preocupado. Absorto nos seus pensamentos, mais uma vez recapitulava tudo quanto se propusera dizer, em que pesasse a sua pouca experiência nessas coisas de namorar, já dera freqüentes provas da sua coragem e máscula energia. Mesmo assim, sentia-se invadido de incomodo nervosismo e exaltação, que se intensificavam, quanto mais se aproximava do quarto onde estava Tchirombô. As aves noturnas começavam a descrever círculos em torno das fortificações da embala. Quando se aproximou, a passo cauteloso, constatou que a porta do quarto da Tchirombô estava semi-aberta...

- Posso entrar Tchirombô, sou eu Nganga?

- Por favor, senhor – respondeu Tchirombô.

Embora um pouco nervosa, suas feições formosas e joviais permaneciam sempre iluminadas de exuberante alegria de viver. Mas esse pequeno nervosismo dissipou-se, logo que ele entrou no quarto, que lhe servia de moradia desde o dia que chegara ao quilombo. Era uma peça octogonal, construída de pedra, coberta de capim. Havia um vão de janela bastante profundo. Um leito de madeira bem trabalhada, no melhor estilo colonial, que ocupava uma das paredes. A mesa, a poltrona de ‘madeira de lei’, exibiam lavragens do mesmo estilo da cama. Tudo se apresentava cuidadosamente arrumado, apenas um cheiro a mofo, inerente ao recinto fechado se notava. Pois, fazia muito tempo que não se hospedava ninguém naquele aposento feito para as visitas especiais! Mas, depois de escancarar a janela, a pedido de Nganga Nzumba, diante da qual se estendiam ramos de roseiras vermelhas, Nganga Nzumba sentiu como o frescor da noite lhe trazia uma sensação de alívio. Duas lamparinas achavam-se na mesa, que iluminavam um apetitoso e farto repasto: cabidela com polenta, vinho, numa garrafa de cristal, um moringue de barro (uma moringa) cheia de água fresca e cristalina da fonte. Lençóis de linho, de reluzente brancura, cobriam a cama. Na bacia do lavatório havia água limpa... Então examinou o trabalho realizado pelo taciturno pagem e verificou que nada faltava para a plenitude do conforto de uma hospede acolhida, de improviso, num velho quarto. Todavia sentia-se um moço tomado por uma sensação estranha, enquanto se acomodava à mesa com Tchirombô. Acossava-o a recordação da sua casa em Angola e sua família. Nganga Nzumba, com seu caráter jovial, despreocupado, não tinha, por índole, propensão para pensamentos cismáticos e indiscretos. Era um soldado, de corpo e alma, e a austera disciplina militar que aprendeu com sua progenitora, às quais costumava dedicar-se com entusiasmo, satisfaziam-no a tal ponto que, na sua vida anterior, mantivera-se avesso a muitas coisas que para jovens da mesma idade pareciam atraentes ou importantes. A essa altura, lembrou-se do que dissera seu primo-irmão Andalaquituxi, que um homem que queira ser um bom comandante de tropas não pode constituir uma família. Também lhe vinha à memória certos comentários que ouvira, ainda em Angola, por sua mãe ficar ausente de casa bastante tempo para guerrear contra os portugueses com as suas destemidas e belas amazonas. Talvez fosse esta a oportunidade sui generis para constituir uma verdadeira família, pensou. Mas Nganga Nzumba tinha por hábito prestar pouca atenção a conversas que tratavam de assuntos de fórum particular, especialmente quanto se tratavam de pessoas estranhas. Nesse caso, preferia silenciar e entregar-se à solução de qualquer problema militar ou o estudo da tipografia da região onde estava situado o quilombo dos palmares. Assim se explica que ele conhecesse melhor do que ninguém essa região e com isso, tirava alguma vantagem em relação aos seus adversários. Mas aragem da noite, que entrou subitamente, apagou as lamparinas. Imóvel, nas trevas, da janela, Nganga Nzumba contemplou o pátio com aquela cacimba, em cuja água almejava refrigerar o sangue ardente. Lá fora reinava o mais completo silêncio... As mangueiras lançavam sobre à casa das visitas uma densa rede de sombras, ao passo que o luar lhes banhava a copa. Também estava aclarado o pedacinho do jardim que Nganga Nzumba cuidava pessoalmente e que tinha flores preferidas de sua mãe, Nzinga. Nitidamente, as flores destacavam-se da negrura dos ciprestes. Tudo isso parecia ao jovem Nganga um ambiente propício e convidativo para um romance. O porte, a gaferinha com turbante, o pescoço com colares de búzios axiluanda, o pano traçado e rodado, o andar rebolado, o requebro provocante, a voz, os seios voluptuosos e rijos que nem um baboque, os pézinhos lindos e descalços (era fissionado em pés femininos...), a expressão dos olhos negros da moça, sua cor e pele aveludada, os lábios carnudos, seus dentes lindos e branquíssimos... Sua candura, tudo isso era irresistível a tal ponto que o jovem Nganga, que normalmente tinha de agüentar gracejos, quanto à sua indiferença para com o belo sexo, permaneceu a noite toda extasiado pela formosa princesa umbunda. Quando Tchirombô se dirigiu a porta para chamar alguém para acender a lamparina, Nganga Nzumba disse:

- Deixa assim mesmo Tchirombô... Tu tens medo da escuridão?

Sem mesmo esperar pela resposta, convidou-a para saírem daquele quarto escuro.

- E o jantar? – Perguntou Tchirombô admirada com a proposta de Nganga Nzumba.

- Eu explico-te... Há coisas que são tão ou mais importantes que a comida, Tchirombô...

Nem esperou que saíssem do quarto... Num ímpeto Nganga beijo-a freneticamente e aprofundou o beijo, fazendo-a pressionar o corpo contra o dele numa resposta instintiva. A língua de ambos encontraram-se voluptuosamente e iniciaram quase que uma dança erótica... Tchirombô começou a perceber um arrepio no baixo ventre que se espalhou por quase todo corpo... Quando tinha encontrado aquele tipo de sensualidade num beijo? Nganga Nzumba pensou. A reação dela o estava enlouquecendo de desejo, destruindo todos obstáculos no caminho. Não era mais uma questão de admitir nunca ter encontrado tanta sensualidade. Na verdade, nunca sonhara que aquilo pudesse existir...

Segurou a lateral do rosto de Tchirombô e beijou o lóbulo delicado, alisando-o com os lábios.

Tremores violentos de prazer sacudiram o corpo dela, que virou o rosto na de Nganga Nzumba, acariciando seus dedos com sua língua, sentindo o desejo se tornar cada vez mais ardente. Então, ele a empurrou de um jeito frenético, pegando-a quase desprevenida.

Nunca tinha tido encontrado aquele tipo de sensualidade num beijo? Ela não ofereceu nenhuma resistência... Mas de algum modo, Tchirombô pôde resistir à determinação de Nganga Nzumba em quer possuí-la. É verdade que ele não estava acostumado à rejeição das mulheres, aliás, de ninguém, tratando-se de um verdadeiro comandante! Era como se a fraqueza dela fosse irresistivelmente atraída pela força dele, a feminilidade para a masculinidade, a suavidade dos seus lábios para o comando feroz da boca dele! O coração dela batia loucamente. Seus sentidos ávidos eram traiçoeiramente vorazes ante o prazer sensual daquele beijo...

- A Tchirombô ové wa vina!. Amé do kwssolé (tu és muito linda, eu gosto de ti) – já não sei que se esta passando comigo? O que é isso? A voz dele estava rouca de excitação, e as mãos quentes voltaram para o corpo de Tchirombô, moldando a cintura e os quadris enormes, subindo em direção aos seios rijos que deram as boas-vindas à pressão daquelas mãos que até aquele momento somente tinham tocado em utensílios de trabalho e em armas!

- Não posso suportar isso – disse ele, pega na intensidade dos meus sentimentos e reflete-se no meu trabalho – Não quero me sentir assim... Não posso desejá-la tanto assim... Isso é demais! Andalaquituxi tinha razão... Um soldado que se preze não pode envolver-se tanto com uma mulher! Isto é quase um feitiço! – exclamou e tremeu visivelmente.

A pulsação de Tchirombo era quase um clamor doloroso. A pressão daquelas mãos calejadas enviavam calor para cada terminação nervosa, de modo que o seu corpo inteiro vibrava contra os toques, como um berimbau tocado por um músico fabuloso da sua Terra natal, Huambo. . Mas ao mesmo tempo sentia-se perdida, com medo, terrivelmente sozinha num lugar que era estranho a qualquer experiência, levada por um homem tão poderoso e que era quase um mito.

Nem chegaram a sair do quarto... Logo eles estavam na cama . Um clamor selvagem os possuía, fazendo-os mover irrequietos sobre a cama. Nganga Nzumba observou a maneira como sua companheira o olhava, com lábios entreabertos, a língua umedecendo-os e o coração batendo contra as costelas de modo visível. Os mamilos estavam rijos, mas foi a expressão maravilhada que ele viu nos olhos dela que fez o seu corpo reagir de maneira mais intensa.

Era um olhar que traduzia o maior elogio que uma mulher poderia fazer a um homem. Um olhar que o excitava e lhe dava as boas-vindas. Braços delgados se envolveram ao redor de Nganga Nzumba. O desejo estava instigado ao ponto que não podia mais controlá-lo. O corpo magro estava suado e escorregadio contra o dele que era másculo. Com que perfeição eles se encaixavam... Era como se ela tivesse sido feita somente para ela, no momento em que Nzambi a preencheu, levando em direção ao clímax. Os músculos se fecharam em seu redor com possessão, saboreando o prazer doce e erótico de cada movimento culminado com espasmos poderosos compartilhados até que a doçura desapareceu e restou apenas uma paixão primitiva que a fez abraçar e beijar de leve Nganga Nzumba... Cansado e extasiado fechou os olhos de maneira protetora e suspirou, enquanto lutava pelo comando de si próprio. Eram sentimentos contraditórios... De um lado, era como se fosse à memória de um passado distante, o escarnecer de tempos já vividos que não voltam jamais... .a fuga de uma dor causada pela diáspora e escravidão. Por outro lado, a satisfação de ter finalmente encontrado sua cara-metade! Mas de nada adiantou. No momento em que voltou a abrir as pálpebras, o sol da manhã lançava um brilho dourado contra o dorso nu e os pés lindos descalços de Tchirombô que ele tanto admirava sinalizavam para os seus sentidos para mais uma vez experimentarem aquela paixão verdadeira!

O SIGNIFICADO DO 8 DE MARÇO

Jean-Paul dizia que se podia graduar a civilização de um povo pela atenção, a decência e a consideração com que as mulheres são tratadas. Não era sem razão. Por força do preconceito ditado por uma cultura machista, as mulheres ao longo da história foram ultrajadas, mal-tratadas, escravizadas e espezinhadas. Mesmo no ponto de vista das gramáticas - politicamente incorretas - e também no liguistíco, elas são descriminadas de tal sorte que, mesmo que haja um grupo de mulheres com somente um homem, diz-se: eles, e não elas. A própria palavra homem, num certo contexto, pode significar homens e mulheres. Porque não esta abrangência para a palavra mulher? Mas a minha intenção aqui, não é discutir questões gramaticais, nem tão pouco linguísticas. Até porque seria muito simples para elas, as mulheres, se o caso se consubstanciasse apenas na forma discriminatória ou desigual de tratamento linguístico. Eu quero é falar um pouco sobre este grande dia - Dia Internacional da Mulher. Este dia é celebrado a 8 de Março. É um dia comemorativo pra a celebração dos efeitos econômicos, políticos e sociais alcançados pela mulher. A idéia da existência de um dia internacional da mulher foi inicialmente proposta na virada do Século XX, durante o processo de industrialização e expressão econômica que levou aos protestos sobre as condições de trabalho. As mulheres empregadas em fábricas de vestuário e indústria têxtil foram protagonistas de um desses protestos em 8 de março de 1857 em Nova York, em que protestavam sobre as más condições de trabalho e redução dos salários. Este protesto, feito há quase 150 anos, foi reprimido, ocasionando um grande massacre de mulheres. Em 25 de março de 1911, no incêndio da fabrica de Triangle Shirtwaíst, em Nova York, morreram 146 trabalhadoras. Segundo a versão teriam sido trancadas e queimadas vivas. Não obstante as patéticas origens desse malogrado dia, ele é condignamente celebrado, como não podia deixar de ser, em todo o mundo, para, desta feita, homenagear aquelas valorosas mulheres que tombaram por uma causa justa – a luta pelos mais legítimos direitos. No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher é comemorado durante às décadas de 1910 e 1920, mas esmoreceu. Foi revitalizado pelo feminismo na década de 1960. Em 1975, designado como o Ano Internacional da Mulher, a Organização das Nações Unidas começou a patrocinar este importante dia da mulher. As lideranças femininas de variados matizes e em todo mundo inteligentemente ampliaram esse caráter de reivindicação, de acusação, de luta, e luto, fazendo deste dia, um trampolim para novas conquistas e para ascensão política e social da mulher. Bem hajam! O direito de votar da mulher, que em quase todo mundo foi duramente conquistado, e por elas mesmas, hoje está sendo contestado e posto em questão pelas próprias – se é democrático ser-se obrigada a votar? O direito de votar foi sempre apanágio do naipe masculino. As mulheres não tinham este direito. Só foi em 1934 que, no Brasil, a Constituição outorgou às mulheres brasileiras o privilegio de votar após muitas batalhas, no parlamento, na imprensa, em comícios e em movimentos de rua. Em Angola o caso foi bem diferente: as mulheres, por terem participado na luta de libertação nacional, estão, por direito conquistado, presentes e atuantes com grande evidência na vida política e social do país. A própria Lei Fundamental confere a todos os cidadãos a igualdade perante a lei e o gozo dos mesmos direitos e os mesmos deveres, sem distinção de sexo. Também garante, no artigo 29, direitos iguais no seio da família. A lei vai mais além, quando diz que pune severamente todos os atos que visem prejudicar a harmonia social ou criar discriminações e privilégios com base nesses factores. Sempre nos estatutos do meu partido, o MPLA deixa implicitamente um convite à maior participação das mulheres na gestão da coisa pública. De facto, ao enfatizar esse direito de a mulher assumir o seu lugar na vida política e social do país, deixa bem patente que é um direito adquirido, ou melhor, conquistado pelas mulheres ainda na luta contra o colonialismo com armas na mão. Talvez e, na minha opinião, fosse ideal criar condições para que se aumente o número de eleitas. Como? Quem sabe criando-se um instrumento na lei eleitoral ou um arranjo legislativo, em que os partidos políticos fossem obrigados a compor suas listas de candidatos em x% de mulheres. Afinal de contas, elas são a maioria da nossa população. Esta medida abriria, certamente, espaço suficiente para que as angolanas estivessem representadas como deve ser e como merecem. Imperioso se tornaria, como é óbvio, que tal proposta tivesse em conta o aspecto qualitativo paralelamente ao número de candidatas na lista, para que desta sorte, fossem eleitas aquelas representáveis do poder público que tivessem condições para tal. E graças a Deus temos muitas... Em várias capitais do mundo, são distribuídas milhares de flores para as mulheres de todas faixas etárias. É um hábito que devíamos adotar aqui em Angola porque elas merecem. Não acham? A nossa capital seria conhecida por ser a única em África em que todas as mulheres são presenteadas nesse dia com muitas flores... É para se pensar... Felicito todas as mulheres angolanas neste dia!

In "Palmensis Mirabilis" de João portelinha

O SIGNIFICADO DE UMA OBRA POLÊMICA

O escritor e advogado Dídimo Heleno acaba de lançar a sua mais importante obra: “livros sangrentos”. De uma forma critica e bem humorada, o autor, relata-nos as contradições e violências expostas nos cinco primeiros livros da Bíblia. Como “vivemos todos, neste mundo, a bordo de um navio, saído de um porto que desconhecemos para um porto que ignoramos; devemos ter, uns para com os outros, uma amabilidade de viagem” (Fernando Pessoa). È essa “amabilidade de viagem” e compreensão que deveremos ter com o festejado autor tocantinense que, como, nós, se indaga sobre o sentido da existência humana. È uma velha pergunta que não pode ser reduzida ao silêncio e todos nós o fazemos... Só que Didimo teve a coragem e a “ousadia” de colocar no papel suas indagações e inquietações. Vivemos e trabalhamos, suportamos encargos e cuidados, sofremos e alegramo-nos, experimentamos êxitos e fracassos, fazemos esforços e renúncias, vamos envelhecendo e sabemos que o termo é a morte. Não sabemos nem como nem quando; mas estamos persuadidos de que caminhamos para fim da vida, de que a nossa existência no mundo se encontra sob o signo da morte. Vale a pena viver? Qual é o sentido do nosso existir? Hoje temos novos olhares sobre questão... O homem hoje já não vive mais aconchegado no seio natural de uma fé religiosa comum, com a sua ordem de valores e a sua doação de sentido à vida humana. O homem dá-se conta de que o mundo moderno da técnica, com todo o seu progresso e bem estar, não é capaz de emprestar um sentido conveniente. Sente que este mundo, com todas as suas realizações prático-técnicas, no fundo, não está dominado pelo homem, nem resolve os problemas fundamentais humanos, antes ameaça e não consegue responder à questão do homem sobre o sentido. Quem não possui nenhuns valores e objetivos válidos, que dêem à sua vida sentido e orientação, perde o norte à vida, não sabe o para quê e para onde. Experimenta um vazio interior, um profundo mal-estar e rebela-se. È de fato necessário acreditar-se em algo. Quando concebemos um Deus criador, esse Deus identificamo-lo quase sempre com um artífice superior. As coisas tornam-se mais fáceis e mais cômodas para nós. È muito incomodativo que Deus não exista. Porque desaparece com ele toda a possibilidade de achar valores num céu inteligível; não pode existir já o bem a priori, visto não haver uma consciência infinita e perfeita para pensá-lo. O que nos mete medo é pensamos que se não acreditarmos na existência de Deus nos encontraremos num plano em que há somente homens e assim ele terá total responsabilidade sobre sua existência. Dostoievsky escreveu: se Deus não existisse, tudo, seria permitido!. Aí se situa o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido, se Deus não existe; fica o homem, por conseguinte, abandonado; já que não encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se apegue. O autor dos “livros sangrentos” acredita que é possível o homem ser bom e mais humano mesmo sem estar “atrelado” a qualquer religião. O existencialismo de sua obra, digamos, filosófica, não é de modo algum um ateísmo, no sentido de que se esforça por demonstrar que Deus não existe. Ele nos remete para uma questão muito polemica: “ainda que existisse o Deus das religiões, ele não poderia ser uma criatura grotesca que nos querem fazer querer. (...) Deus não pode ser aquele senhor do Antigo Testamento. Não pode agir com tanta desconsideração e intimação. Deus tem que ser o que há de melhor e mais nobre em cada um de nós”. O autor preferia um Deus bom, um Deus misericordioso... Talvez um Deus mais próximo do Novo Testamento...


In "Palmensis Mirabilis" de João Portelinha

J oão Rodrigues Portelinha da Silva é romancista, contista, cronista, ensaísta e nas horas vagas, como ele próprio diz, tenta ser poeta! Oficial das FAA, na reserva, nasceu na Caála, Huambo, Angola. É formado em Direito pela Universidade Antônio Agostinho Neto, Angola (primeira turma formada pós-independência), Ciências Políticas pelo Instituto Wilhelm Pieck, Berlim, Alemanha. Mestrado em Filosofia do Direito pela Academia de Ciências Sociais, Sófia, Bulgária. Doutorado em Sociologia do Estado e Sociedade pela Universidade Nacional de Brasília, UnB, Brasil. Pós-Doutorado em Direito pela Universidade de Coimbra, Portugal. Foi chefe do ATM do Governo Provincial do Huambo, Docente de História de Literatura e Estética da Escola Nac. do Partido, Chefe de Cátedra de Ciências Sociais da Pré-Academia Militar do Huambo, Diretor das Academias Militares das FAA, Presidente da UEA no Brasil, Coordenador e instalador do Curso de Direito da Ulbra - Palmas, Brasil. Coordenador do Curso de Direito da UFT - Palmas, Brasil. Coordenador e instalador do Curso de Direito da Serra do Carmo – Palmas, Brasil. Coordenador do Curso de Pós-graduação em Direito Ambiental do Pólo de Tocantins. Foi Presidente da Associação dos Naturais e Amigos da África em Palmas, Brasil. É Membro da Associação dos Naturais e Amigos de Angola no Brasil, Membro e Presidente da Academia Palmense de Letras, do Conselho Municipal da Cultura, Palmas e dos Escritores do Distrito Federal. Colabora com diversos jornais como colunista e ensaísta: Jornal de Angola, Jornal de Tocantins, Correio de Tocantins e Jornal O Estado. Assina as colunas “Vozes Populares” e “Palmensis Mirabilis” no Correio de Tocantins e Jornal O Estado, Palmas, Tocantins. Tem vários livros Publicados de Literatura, Direito, Ciência Política, História e Sociologia Jurídica. Tem atuado, também, como analista político nos programas na TV e jornais locais e nacionais. O autor e sua obra são citados em vários dicionários bibliográficos do Tocantins e do Brasil, como por exemplo, o Dicionário Biobibliográfico do Tocantins de Mário Ribeiro Martins. Suas obras já foram objetos de teses, monografias e apresentados em Congressos Científicos de Universidades, como por exemplo, o trabalho apresentado pela Professora pós-doutora Ilda Magalhães no I Congresso Cientifico da UFT-Tocantins. “O Dia que Zumbi descobriu Portugal” é o seu primeiro romance e, no prelo, tem outro, sobre Dom Afonso I, rei do Congo e seu filho Dom Henrique, o primeiro bispo negro da história universal.