MEU ROMANCE

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O DIA QUE NGOLA DESCOBRIU PORTUGAL

ESCRITOR & PROFESSOR


terça-feira, 8 de setembro de 2009

O SIGNIFICADO DO 8 DE MARÇO

Jean-Paul dizia que se podia graduar a civilização de um povo pela atenção, a decência e a consideração com que as mulheres são tratadas. Não era sem razão. Por força do preconceito ditado por uma cultura machista, as mulheres ao longo da história foram ultrajadas, mal-tratadas, escravizadas e espezinhadas. Mesmo no ponto de vista das gramáticas - politicamente incorretas - e também no liguistíco, elas são descriminadas de tal sorte que, mesmo que haja um grupo de mulheres com somente um homem, diz-se: eles, e não elas. A própria palavra homem, num certo contexto, pode significar homens e mulheres. Porque não esta abrangência para a palavra mulher? Mas a minha intenção aqui, não é discutir questões gramaticais, nem tão pouco linguísticas. Até porque seria muito simples para elas, as mulheres, se o caso se consubstanciasse apenas na forma discriminatória ou desigual de tratamento linguístico. Eu quero é falar um pouco sobre este grande dia - Dia Internacional da Mulher. Este dia é celebrado a 8 de Março. É um dia comemorativo pra a celebração dos efeitos econômicos, políticos e sociais alcançados pela mulher. A idéia da existência de um dia internacional da mulher foi inicialmente proposta na virada do Século XX, durante o processo de industrialização e expressão econômica que levou aos protestos sobre as condições de trabalho. As mulheres empregadas em fábricas de vestuário e indústria têxtil foram protagonistas de um desses protestos em 8 de março de 1857 em Nova York, em que protestavam sobre as más condições de trabalho e redução dos salários. Este protesto, feito há quase 150 anos, foi reprimido, ocasionando um grande massacre de mulheres. Em 25 de março de 1911, no incêndio da fabrica de Triangle Shirtwaíst, em Nova York, morreram 146 trabalhadoras. Segundo a versão teriam sido trancadas e queimadas vivas. Não obstante as patéticas origens desse malogrado dia, ele é condignamente celebrado, como não podia deixar de ser, em todo o mundo, para, desta feita, homenagear aquelas valorosas mulheres que tombaram por uma causa justa – a luta pelos mais legítimos direitos. No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher é comemorado durante às décadas de 1910 e 1920, mas esmoreceu. Foi revitalizado pelo feminismo na década de 1960. Em 1975, designado como o Ano Internacional da Mulher, a Organização das Nações Unidas começou a patrocinar este importante dia da mulher. As lideranças femininas de variados matizes e em todo mundo inteligentemente ampliaram esse caráter de reivindicação, de acusação, de luta, e luto, fazendo deste dia, um trampolim para novas conquistas e para ascensão política e social da mulher. Bem hajam! O direito de votar da mulher, que em quase todo mundo foi duramente conquistado, e por elas mesmas, hoje está sendo contestado e posto em questão pelas próprias – se é democrático ser-se obrigada a votar? O direito de votar foi sempre apanágio do naipe masculino. As mulheres não tinham este direito. Só foi em 1934 que, no Brasil, a Constituição outorgou às mulheres brasileiras o privilegio de votar após muitas batalhas, no parlamento, na imprensa, em comícios e em movimentos de rua. Em Angola o caso foi bem diferente: as mulheres, por terem participado na luta de libertação nacional, estão, por direito conquistado, presentes e atuantes com grande evidência na vida política e social do país. A própria Lei Fundamental confere a todos os cidadãos a igualdade perante a lei e o gozo dos mesmos direitos e os mesmos deveres, sem distinção de sexo. Também garante, no artigo 29, direitos iguais no seio da família. A lei vai mais além, quando diz que pune severamente todos os atos que visem prejudicar a harmonia social ou criar discriminações e privilégios com base nesses factores. Sempre nos estatutos do meu partido, o MPLA deixa implicitamente um convite à maior participação das mulheres na gestão da coisa pública. De facto, ao enfatizar esse direito de a mulher assumir o seu lugar na vida política e social do país, deixa bem patente que é um direito adquirido, ou melhor, conquistado pelas mulheres ainda na luta contra o colonialismo com armas na mão. Talvez e, na minha opinião, fosse ideal criar condições para que se aumente o número de eleitas. Como? Quem sabe criando-se um instrumento na lei eleitoral ou um arranjo legislativo, em que os partidos políticos fossem obrigados a compor suas listas de candidatos em x% de mulheres. Afinal de contas, elas são a maioria da nossa população. Esta medida abriria, certamente, espaço suficiente para que as angolanas estivessem representadas como deve ser e como merecem. Imperioso se tornaria, como é óbvio, que tal proposta tivesse em conta o aspecto qualitativo paralelamente ao número de candidatas na lista, para que desta sorte, fossem eleitas aquelas representáveis do poder público que tivessem condições para tal. E graças a Deus temos muitas... Em várias capitais do mundo, são distribuídas milhares de flores para as mulheres de todas faixas etárias. É um hábito que devíamos adotar aqui em Angola porque elas merecem. Não acham? A nossa capital seria conhecida por ser a única em África em que todas as mulheres são presenteadas nesse dia com muitas flores... É para se pensar... Felicito todas as mulheres angolanas neste dia!

In "Palmensis Mirabilis" de João portelinha

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