MEU ROMANCE

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O DIA QUE NGOLA DESCOBRIU PORTUGAL

ESCRITOR & PROFESSOR


sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O maior mentiroso do mundo!

Ontem foi o Dia da Mentira. Existem muitas explicações para o 1º de Abril se ter transformado no Dia da Mentira. Um deles diz que a brincadeira surgiu da França. Desde o começo do século XVI, o Ano Novo era festejado no dia 25 de Março, data que marcava a chegada da primavera. As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1º de Abril. Em 1554, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX da França determinou que o Ano Novo fosse comemorado no dia 1º de Janeiro, como é hoje. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, onde o ano iniciava em 1º de Abril. Gozadores passaram então a ridicularizar a decisão real, enviando presentes esquisitos e convidando para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como “plaisanteries”. Nos países de expressão inglesa, o Dia da Mentira é conhecido como “April Fool`s Day” ou o “Dia dos Tolos”. Na Itália e França ele é chamado “Pesce d´april” e “Poisson d´abril”, o que significa literalmente “Peixe de Abril”. No Brasil, o 1º de Abril começou a ser difundido em Pernambuco onde circulava “ A Mentira”, um periódico da vida operaria lançado em 1º de Abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. No entanto, é curioso que o homem conhecido como o “mais mentiroso do Mundo”, não mentia... Um menino chamado Marco Pólo, que nasceu em Veneza, em 1254, era filho e sobrinho de dois aventureiros, mercadores arrojados, que faziam negócios para os lados do Mar Negro e do Império Tártaro, e se chamavam Nicoló e Matêo. Numa das costumeiras excursões de negócios, foram encarregados pelo Grã-Cão dos Tártaros, de uma embaixada junto ao Papa. Mas nessa viagem os dois levaram tanto tempo que, quando voltaram a Veneza, Nicoló encontrou, com quinze anos, o filho que nem nascido era quando o pai saiu de casa. A esposa tinha morrido. Mas a coceira das viagens não abandonou o atrevido veneziano. Voltou ao país dos Tártaros, desta vez acompanhado pelo filho, o jovem Marco Pólo. Mais de vinte anos ficou a serviço do Klubai, que lhe admirava a inteligência viva, as qualidades de diplomata, seu conhecimento das línguas. Marco Pólo percorreu como embaixador de klublai grande parte da China. Ocidental, a Insulíndia, as costas da ´Índia e o Golfo Pérsico. Foi, durante três anos, governador da cidade de Yang-Chou. Um belo dia voltou Marco Pólo ao Ocidente. Estabeleceu-se em Veneza e se danou a contar as coisas maravilhosas que vira no Extremo-Oriente. Ajuntava gente em torno dele, e ia contando. Ouviam-no e, espoucavam as gargalhadas. Ele era considerado o maior mentiroso do Mundo. Como mentia aquele homem! E corriam a ouvi-lo, maravilhados. Marco Pólo contava histórias de povos esquisitíssimos, olhos amendoados, gente que apertava o pé em formas de ferro para que não crescesse. E histórias de riquezas incalculáveis, de bicho que fabricava fios lindos para tecer. Que imaginação! E eram risadas intermináveis... Dentro em pouco tinham-lhe posto o apelido do maior mentiroso do mundo. Esse “mentiroso” falava simplesmente a verdade... Os portugueses acreditaram nele e foram confirmar... E assim descobriram o Brasil, pensado que estavam na Índia, descobriram toda a Costa de África Ocidental e Oriental, descobriraram a Índia, o Japão e a Oceania... Ah, tudo isso por causa das “histórias” do maior mentiroso do mundo, Marco Pólo.

In “Palmensis Mirabilis” de João Portelinha

A CULTURA POLÍTICA

Tem-se discutido muito o que seria cultura política. Geralmente pensa-se que quem o tem é um papa em política. Cultura política é sobretudo um conjunto de atitudes políticas. Uma atitude é uma disposição ou preparação para atuar de uma maneira de preferência a outra. É, digamos, a probabilidade do aparecimento de um comportamento determinado em certo tipo de situação. Sendo assim, as atitudes políticas seriam, portanto, predisposições, propensões subjacentes, para reagir de certa forma em face de certas situações políticas. Por exemplo, o racismo é uma atitude: em face de certas situações, provocará certos compartimentos. As atitudes políticas possuem três tipos de componentes: cognitivos: são os conhecimentos, o que se sabe – ou o que se crê saber – sobre instituições, os partidos, os dirigentes políticos, etc., e que predispõe uma pessoa a reagir desta ou daquela maneira. Componentes afetivos relacionam-se com os sentimentos: para lá do julgamento racional, manejam os sentimentos de atração ou repulsão, de simpatia ou de menosprezo, etc. é sobre tais forças que se alicerçam a personalização do poder, os laços que ligam a notabilidade local à sua clientela. Componentes avaliativos ou normativos se relacionam com os valores, as crenças, os ideais e as ideologias, subtendem, também os comportamentos políticos. Isto quer dizer, a cultura política é, portanto, ao mesmo tempo o que se sabe, o que se sente, e o que se crê. Conforme domine este ou aquele componente, a cultura política será mais ou menos secularizada. A secularização política é um processo pelo qual os indivíduos se tornam cada vez mais racionais, analíticos e empíricos na ação política. A razão toma ascendente sobre a paixão e sobre a ideologia. Podemos dizer sem receio de erramos que o julgamento racional dos tocantinenses tem aumentado. O voto do povo tem sido mais consciente. No entanto, para complicar mais o assunto, diríamos que existem três tipos de cultura política: a cultura paroquial, a cultura de sujeição e a cultura de participação. Na cultura paroquial (parochial) os indivíduos são pouco sensíveis ao sistema político global, ao conjunto nacional. Para estes, é mais importante votar no amigo, independentemente da sua cor partidária ou ideológica. Votar num líder político local do que votar em presidente. Ignoram o país e olham, sobretudo para um subsistema político mais limitado: o seu município ou estado. Esta característica marca acentuadamente muitas regiões do país. Onde, neste caso, a cultura política nacional, de inicio, é frequentemente apenas uma justaposição de culturas locais, de subculturas. Subculturas são, no âmbito da sociedade global, conjuntos específicos, distintos, de atitudes. Esta fragmentação da cultura política em subculturas políticas distintas constitui um dado frequente nos sistema em desenvolvimento. No entanto, o horizonte excede geralmente este ou aquele subsistema local e alarga-se ao sistema político inteiro, ao quadro nacional. Mas, a este nível, é necessário distinguir ainda dois tipos de cultura. A cultura de sujeição: conhece-se a existência do sistema político, tem-se consciência dele, mas fica-se passivo ao seu respeito, considerando como exterior e superior. Esperam-se benefícios (serviços, prestações, prendas, compensações, lotes, gasolina, emprego, caixão, medicamentos, etc.). Em contrapartida, na cultura de participação os sujeitos tornam-se verdadeiros participantes, verdadeiros cidadãos. Acham que devem atuar sobre o sistema político, orientar ou inflectir a sua ação por diversos meios: eleições, manifestações, petições, etc. Gostaria de lançar um repto aos meus eleitores... Que mandassem para o meu e-mail o tipo da cultura política do nosso estado e depois eu faria uma crônica sobre o resultado... Aceitam o desafio?

In "Palmensis Mirabilis" de João Portelinha