MEU ROMANCE

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O DIA QUE NGOLA DESCOBRIU PORTUGAL

ESCRITOR & PROFESSOR


sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A CULTURA POLÍTICA

Tem-se discutido muito o que seria cultura política. Geralmente pensa-se que quem o tem é um papa em política. Cultura política é sobretudo um conjunto de atitudes políticas. Uma atitude é uma disposição ou preparação para atuar de uma maneira de preferência a outra. É, digamos, a probabilidade do aparecimento de um comportamento determinado em certo tipo de situação. Sendo assim, as atitudes políticas seriam, portanto, predisposições, propensões subjacentes, para reagir de certa forma em face de certas situações políticas. Por exemplo, o racismo é uma atitude: em face de certas situações, provocará certos compartimentos. As atitudes políticas possuem três tipos de componentes: cognitivos: são os conhecimentos, o que se sabe – ou o que se crê saber – sobre instituições, os partidos, os dirigentes políticos, etc., e que predispõe uma pessoa a reagir desta ou daquela maneira. Componentes afetivos relacionam-se com os sentimentos: para lá do julgamento racional, manejam os sentimentos de atração ou repulsão, de simpatia ou de menosprezo, etc. é sobre tais forças que se alicerçam a personalização do poder, os laços que ligam a notabilidade local à sua clientela. Componentes avaliativos ou normativos se relacionam com os valores, as crenças, os ideais e as ideologias, subtendem, também os comportamentos políticos. Isto quer dizer, a cultura política é, portanto, ao mesmo tempo o que se sabe, o que se sente, e o que se crê. Conforme domine este ou aquele componente, a cultura política será mais ou menos secularizada. A secularização política é um processo pelo qual os indivíduos se tornam cada vez mais racionais, analíticos e empíricos na ação política. A razão toma ascendente sobre a paixão e sobre a ideologia. Podemos dizer sem receio de erramos que o julgamento racional dos tocantinenses tem aumentado. O voto do povo tem sido mais consciente. No entanto, para complicar mais o assunto, diríamos que existem três tipos de cultura política: a cultura paroquial, a cultura de sujeição e a cultura de participação. Na cultura paroquial (parochial) os indivíduos são pouco sensíveis ao sistema político global, ao conjunto nacional. Para estes, é mais importante votar no amigo, independentemente da sua cor partidária ou ideológica. Votar num líder político local do que votar em presidente. Ignoram o país e olham, sobretudo para um subsistema político mais limitado: o seu município ou estado. Esta característica marca acentuadamente muitas regiões do país. Onde, neste caso, a cultura política nacional, de inicio, é frequentemente apenas uma justaposição de culturas locais, de subculturas. Subculturas são, no âmbito da sociedade global, conjuntos específicos, distintos, de atitudes. Esta fragmentação da cultura política em subculturas políticas distintas constitui um dado frequente nos sistema em desenvolvimento. No entanto, o horizonte excede geralmente este ou aquele subsistema local e alarga-se ao sistema político inteiro, ao quadro nacional. Mas, a este nível, é necessário distinguir ainda dois tipos de cultura. A cultura de sujeição: conhece-se a existência do sistema político, tem-se consciência dele, mas fica-se passivo ao seu respeito, considerando como exterior e superior. Esperam-se benefícios (serviços, prestações, prendas, compensações, lotes, gasolina, emprego, caixão, medicamentos, etc.). Em contrapartida, na cultura de participação os sujeitos tornam-se verdadeiros participantes, verdadeiros cidadãos. Acham que devem atuar sobre o sistema político, orientar ou inflectir a sua ação por diversos meios: eleições, manifestações, petições, etc. Gostaria de lançar um repto aos meus eleitores... Que mandassem para o meu e-mail o tipo da cultura política do nosso estado e depois eu faria uma crônica sobre o resultado... Aceitam o desafio?

In "Palmensis Mirabilis" de João Portelinha

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