A história da vida e o Saci-Pererê
Tudo começou mais ou menos assim... De um caldeirão de criatividade química, e física elementar, que em bilhões de anos foi lentamente concebendo combinações, formas e seres, a vida explodiu nos oceanos e colonizou os continentes. Os elementos químicos primordiais, originários da Terra e do espaço interestelar, foram se combinando para formar moléculas, cada vez maiores e mais complexas até criarem aminoácidos, enzimas e proteínas. As moléculas orgânicas, dotadas de capacidade autoprodutora, já que tinham a capacidade de forem seqüências exatas a elas mesmas, e foram se juntando em grupos integrados, conformando as células. As primeiras células simples foram algas e bactérias que não respiram oxigênio, ao contrário, o produzem através da fotossíntese. Naquela época o oxigênio o oxigênio era veneno. Felizmente, porém não por coincidência ou sorte, o oxigênio combinou-se para formar na atmosfera superior a camada de ozônio, protegendo os seres primitivos, que eram mortos inclementemente pela luz ultravioleta. Mas tarde surge, surgiram outras bactérias capazes de utilizar o oxigênio, descobrindo uma maneira de obter maior quantidade de energia dos alimentos do que o obtido pelas bactérias que dependiam exclusivamente da fotossíntese. Estas bactérias continuaram o processo evolutivo durante milhões de anos até se converterem em animais superiores, enquanto que as fotossintetizadoras deram origem às plantas... Se perguntarmos alguém quem são os seres mais perfeitos que temos no universo, farão certamente uma lista das mulheres mais lindas do Brasil e por incrível que nos pareça estas belas criaturas são o mais recente resultado da evolução de todo esse caldeirão de criatividade química, e física que deve ter aproximadamente um bilhão de anos com um máximo de três, segundo os cálculos mais otimistas. O conhecimento das nossas origens e dos nossos fins está obscuro, estamos muito confusos, não há clareza no caminho a seguir; a nossa situação é semelhante a de um grupo de nômades sedentos no deserto, atraídos com a esperança pela miragem de águas cristalinas de um oásis paradisíaco, que cada vez vemos mais próximo, mas que na realidade esta cada vez mais distante. È a miragem do crescimento econômico sem limites, do desenvolvimento insustentável, do progresso material; guiado pela cobiça e ignorância, em transformar o paraíso da sua própria salvação no deserto que deseja abandonar. O crescimento econômico é quantitativo, injusto, causador do colapso social e ambiental dos países do Terceiro Mundo, cada vez mais pobres. O Desenvolvimento sustentável é qualitativo e justo. Devastamos extraordinária riqueza biológica das nossas florestas para importar algumas toras de madeira ou para produzir carne de insípidos hambúrgueres, talvez mil hambúrgueres por hectare devastado, em troca da destruição da biodiversidade e de uma função climática global, que ainda não valorizamos. Lançamos milhões de toneladas de gases tóxicos na atmosfera, muitos resultantes de queima das florestas que destroem o sistema respiratório da vida na terá. Todo mundo sabe que os bebês não são trazidos pelas cegonhas? Creio que sim... Estou brincando! O fato mais empírico e simples é acreditarmos que os bebês de todas as espécies nascem do solo, do ar, da chuva, do vento, dos alimentos e dos rios... Porém, a chuva, que sempre foi celebrada pelos nossos antepassados como uma dádiva dos espíritos da natureza e da divina providência. É hoje motivo de espanto e de morte na forma de chuva ácida. Antigamente a chuva era sinônimo de bem estar, prosperidade, fartura de alimentos e de saúde; hoje é motivo de preocupação, destruição das lavouras, devastação das florestas, acidificação dos solos e laceração das nossas peles. Na cosmovisão de todos os povos da Terra estão presentes os espíritos da natureza, que geralmente são entidades encarregadas de manter o equilíbrio dos sistemas ecológicos naturais; atormentando os devastadores das florestas, castigando os excessos, protegendo os animas e plantas. A mitologia da Amazônia está habitada por muitas destas fantásticas criaturas: o Saci-Pererê; o Curupira; o Caipora; o Jurupari; A boiúna; o Anhangá e a Uiara. Não é sem razão, que o meu filhinho de quatros anos quando vê na televisão as motosserras cortando incessantemente as árvores das florestas, pergunta-me se o Saci-Pererê ainda tem a outra perna! 150 anos depois da Teoria da Evolução de Charles Darwin ainda se explica a origem da vida a partir da Dão e Eva!!!
In "Palmensis Mirabilis" de João Portelinha
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