A NOSSA LÍNGUA !
Todos se queixam de que o português é um idioma muito difícil. A queixa pode ser lógica porque a língua falada é uma, mas a língua escrita é outra. A habilidade verbal do brasileiro é uma coisa admirável. Nos bares, nas ruas, em prosas à beira de copos ou pratos, no rádio e na televisão, a língua do Brasil floresce em todo esplendor. Mas, quando precisa escrever, começa a tropeçar logo nas primeiras linhas. É que no Brasil se lê pouco e se escreve menos ainda. Uma providência adicional é exigir dos candidatos a cargos públicos que saibam ouvir, falar, ler e escrever português. A ignorância não pode servir de álibi a ninguém para violar a gramática, a constituição de nossa língua. Afinal, é preciso respeitar a língua nossa de cada dia! Entretanto, as transgressões da norma culta são recursos às vezes indispensáveis a romancistas, contistas, poetas. Jorge Amado, empenhado, na vaga do Romance de 1930, em registrar os diálogos dos personagens tal como eram proferidos na realidade documental que procurava espelhar em seus romances, foi chamado de analfabeto. Contudo, Graciano Ramos fez opções frente a dilemas semelhantes e mostrou como podem ser conciliados norma culta e registros documentais. Erico Veríssimo mostrou que gaúcho empregava “Le” em vez de “lhe”. Duas décadas mais tarde, João Guimarães Rosa cunhou o dito famoso de que pão ou pães era questão de “opiniães”. Ainda nos anos 20, os modernistas já questionaram duramente a rigidez da norma culta. E verdade o nosso idioma é bem difícil até para os intelectuais, como podem ver. Não é por acaso que num dos Estados mais desenvolvidos da Federação, certa mãe, inconformada com o fato de o filho não saber ler, resolve apelar aos tribunais. Mas os problemas não são apenas nas escolas primárias porque até no ensino superior a língua portuguesa é tratada a pontapés. A nossa língua apresenta um verdadeiro arsenal de expressões, temos palavras para tudo. No entanto, o inglês irrompe aqui e ali com uma freqüência assustadora, às vezes acompanhado de um séquito de mercenários de outras línguas, pois é chique inserir também algumas prebendas de francês, italiano e – para os mais afeitos ao Cult- de alemão ou qualquer outro idioma que não seja o nosso. Na universidade, os Papers substituem artigos, textos, relatórios. Quer dizer proclamamos que a língua oficial do Brasil é uma. Mas como a tratamos? Sendo nossa mãe, patrimônio público, marca da identidade nacional, ferramenta de trabalho, instrumento de cidadania e meio de expressar nossa vida, merece mais cuidadado. No entanto, " é bom que se tenha esta meridiana noção de mudança tão significativa, deixa (deixou) e ser a língua portuguesa para ser dos brasileiros para ser moçambicana, cabo-verdiana, angolana, gunieense, são-tomense.De modo ininterrupto e criadoramente vai sujeitar-se aos mais imprevistos desvios, interfer~encias, empréstimos, fenômenos de prosódia, com variações de acento, de entoação, de ritimo, sabe-se lá. (Ferreira,1976). A Merissônia, membro da APL e da ATL, questiona: e o acordo ortográfico como é que fica? Não sei minha querida.... Acho que ninguêm sabe...
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