MEU ROMANCE

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O DIA QUE NGOLA DESCOBRIU PORTUGAL

ESCRITOR & PROFESSOR


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

DISCURSO DE JOÃO PORTELINHA NA OUTORGA DO DIPLOMA DE “MEMBRO HONORÍFICO DA APL” A BOAVENTURA CARDOSO

Excelências,

Minhas senhoras

Meus senhores,

Meus queridos confrades

Eu também sou angolano e ter oportunidade de relembrar meus velhos tempos e ainda homenagear uma figura tão importante e amiga como Boaventura é para mim muito emocionante. O nosso ilustre convidado nasceu em Luanda em 1944, colaborou em jornais de Luanda e na revista Angola, da Liga Nacional Angolana. Desempenhou funções de diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco, secretário de Estado da Cultura e ministro da Informação. De 1992 a 1999, foi embaixador de Angola na República Francesa. Foi embaixador de Angola na República italiana e na República de Malta e representante permanente de Angola junto dos organismos das Nações Unidas, cuja sede é em Roma. Licenciado em ciências sociais, é membro fundador da União de Escritores Angolanos (congênere brasileira em Angola). Escritor representativo da Geração 70, começou sua carreira literária escrevendo crônicas em Diários de Luanda. Publicou os livros de contos: Dizanga dia Muenho (A lagoa da vida, 1977), O fogo da fala (exercícios de estilo, 1980) e A morte do velho Kipacaça (1987). São seus romances: O signo do fogo (1992). Maio, mês de Maria (1997) e Mãe, materno mar (2001) É um dos escritores mais lidos na atualidade, sendo a sua obra traduzida em vários idiomas juntamente com a de Pepetela e Luandino Vieira, a sua produção vem sendo muito estudada pelos pesquisadores angolanos, portugueses, italianos, americanos, franceses e brasileiros. No entanto, a importância de seu lugar no universo literário de Língua portuguesa contrasta com a carência de material bibliográfico sobre sua produção no Brasil, fato que tem proporcionado, às vezes, enorme dificuldade aos que elegem para objeto de estudo e aos professores universitários que selecionam seus textos nos cursos de graduação e pós-graduação. Em suma, a descoberta de sua narrativa maravilhosa por parte de tantos leitores contrasta com a falta de uma bibliografia reunida e publicada em livros deste extraordinário escritor e bem como de outros autores angolanos aqui no Brasil...

Considerando esses fatores e tendo em conta as perspectivas que no Brasil se abrem com a assinatura da portaria presidencial que determina a inclusão, no ensino de primeiro e segundo graus, de tópicos relacionados com a presença africana na formação da cultura brasileira, com destaque para elementos ligados à historia e à literatura da África, Creio assim que a situação vai mudar drasticamente, para melhor.

Estamos, com efeito, diante de sinais de que, hoje no Brasil, os estudos africanos ganham novos contornos, e, a cada dia, reafirma-se a ligação que setores hegemônicos da sociedade brasileira tentam apagar. Com entusiasmo, percebemos que o país vem se empenhando no resgate de uma memória que permaneceu esmaecida, e isso significa abrir caminhos em direção a África e desvelar as Áfricas que existem nas matizes que recortam a identidade Brasileira. Como de resto tenho dito em outras oportunidades... Dizem que Portugal é pai do Brasil... Disso não tenho nenhuma certeza... Mas que Angola é a mãe preta que o colocou ao colo e o amamentou culturalmente, disso tenho toda a certeza!

Excelências

Senhoras

Senhores

Meus queridos confrades,

Abrir caminhos que permitam aprofundar o conhecimento sobre a cultura de Angola e o Brasil parece-nos uma tarefa importante, fundamental, inclusive, para afastar os riscos de se perpetuar o processo de exotização de que o Continente africano também é vítima. Creio excelências, que esta tarefa poderá ser muito bem exercida por acadêmicos angolanos e brasileiros. Creio que às vezes fazemos melhor que os próprios governos... Angola e Brasil Têm muitas afinidades... Para, além disso, o Brasil foi o primeiro pais a reconhecer a independência de angola em 1975! Viva o Brasil! Viva Angola!

E foi com este espírito, senhor Boaventura Cardoso e pelos seus êxitos extraordinários na poesia e Literatura e quiçá pela amizade angolano-brasileira. Que a Academia Palmense de Letras, da qual sou presidente, o outorga, neste momento, o título de MEMBRO HONORÍFICO DA ACADEMIA PALMENSE DE LETRAS. Gostaria, também, confrade Boaventura, que eu e o senhor intercedêssemos junto aos nossos confrades de lá e de cá no sentido de gemearmos a Academia Palmense de Letras, da qual o senhor agora é membro, e a União dos escritores Angolanos.

Convido a todos os confrades presentes para um abraço ao nosso novo e ilustre confrade Boaventura da Silva Cardoso

Muito obrigado.

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