AS DUAS MÃES DE RITINHA
Ritinha, como vai a tua mãe? Qual delas? Responde. Depois explica que tem duas mães: a mãe-mãe (progenitora) e a mãe-avó (avó que a esta criando). Ter uma já é muito bom... Imaginem duas! A família atual assumiu novos contornos: não existe mais tempo para o convívio entre filhos e pais, que assumiram o trabalho fora de casa em tempo integral, o número de filhos foi reduzido; o chefe de família cedeu lugar à igualdade do casal na administração do lar, em conjunto com os próprios filhos, cujos papéis também se transformaram por meio da efetiva participação nas decisões familiares; com o Estado laico o casamento religioso passou há ter menos importância que o casamento civil. Atualmente nem este último tem tanta importância assim... Se hoje os papéis familiares já não são os mesmos do passado, não se pode falar, também, em modelo familiar único. Já que muitas são as hipóteses familiares e tantos são os exemplos que a realidade vem manifestando. Dentro dessa perspectiva os papéis familiares foram se alterando. Nem sempre há correspondência, hoje, entre o papel típico e o personagem que o protagonizou. O papel da mãe pode eventualmente ser desempenhado pela avó ou por uma tia. È por essas e outras que surgem coisas curiosas como, por exemplo, de avó ser chamada de mãe e a tia de mãe e às vezes a própria mãe ser chamada de tia ou pelo próprio nome. Tudo isso, deve-se, certamente, a inversão de papéis das pessoas envolvidas nestes casos. O fato é que os avôs estão assumindo pessoalmente a criação dos seus netos e isso decorre de várias situações: pais que exercem o trabalho fora de casa e não possuem condições de cuidar pessoalmente dos filhos; pessoas solteiras que acabam por serem pais e não se unem pelo casamento, casais com filhos que se separam e retornam para a casa dos seus pais, menores sem condições de sustento que viram progenitores. Já lá vai o tempo em que se brincava com bonecas... Hoje, as crianças “fazem as suas próprias bonecas” de carne e osso... Portanto, o estereótipo dos avôs velhinhos de antigamente cedeu lugar aos avôs inseridos na luta social, produzindo, trabalhando e assumindo a dupla paternidade de educação e criação dos seus netinhos. Existem municípios brasileiros, segundo dados do IBGE, que subsistem à custa de suas aposentadorias. A situação das crianças que são criadas pelos avôs ou que possuem alguma forma de convivência diária, de forma alguma, pode ser desprezada pelo nosso Direito. Hoje já não se verifica aquela convivência da grande família de outrora, dos grandes almoços de domingo, das férias com primos, tios e avôs. Mas não é difícil perceber, também, que muitas situações de proximidade de relacionamento no binômio avôs e netos aumentou extraordinariamente especialmente nos casos em que estes assumem sozinhos ou em conjunto com os filhos a criação dos netos. A separação dos pais cria oportunidades, bem como problemas para os avôs. Durante o processo de divórcio, os avôs podem oferecer presença, estabilidade, assistência financeira, conselhos e ajuda emocional aos seus netinhos. Mas os problemas se complicam ainda mais quando a presença deles é tema para contestação. Como sabemos, os avôs são do lado materno e paterno e pode haver rivalidades e conflitos entre eles. A experiência mostra, geralmente, que os avôs do lado materno são mais acessíveis aos netos do que os paternos. Porém, o mais importante é tê-los. Eu, infelizmente, já não os tenho e também já tenho quase idade para ser avô... Agora, só queria viver o tempo que os meus viveram – mais de cem anos! As crianças precisam mais do que nós dos seus avôs. È pena que não exista o Dia dos avôs! Como existe o dia da mãe, do pai, da sogra, dos namorados, etc. Bem, como viram, em questões de família, nada é tão certo que se possa estabelecer padrões que sirvam igualmente a todas as pessoas. Ela é uma estrutura de afetividade, seja qual for a realidade de sua construção, se articula por pais separados, formada por pessoas homossexuais ou não, família com filhos adotivos, família sem pai, sem mãe, sem filhos, avôs que fazem de mães ou pais, tias que também fazem o papel de mães... A família é um lugar subjetivo, onde recorremos sempre que precisamos de referências (ou de grana...) apoio e conforto para tratar de questões que a vida nos apresenta. Parabéns, minha amiguinha Ritinha, por teres duas mães! Que vivam para
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