MEU ROMANCE

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O DIA QUE NGOLA DESCOBRIU PORTUGAL

ESCRITOR & PROFESSOR


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ninguém vive impunemente as delícias dos

extremos

Todas as metas intensivas e excessivas de desenvolvimento, onde o Homo Economicus não leva em conta a preservação do meio ambiente, provocam um efeito comparável ao da bola de neve que despenca e rola desatinadamente do topo das montanhas cobertas de neve: ninguém pode prever qual a trajetória, a velocidade e o destino dessa bola que mais se avoluma e maior velocidade atinge na sua irreversível, insolente e trágica evolução. Assim é a natureza, que não se defende, mas reage, e cuja reação pode ter os desdobramentos os mais imprevisíveis – e os mais trágicos. No entanto, a idéia do progresso passou, como é óbvio, a ser adorada, idolatrada e reverenciada por bilhões de devotos que, apesar do seu entusiasmo e por não terem sabido conviver com a natureza-mãe, tornaram-se, na realidade, mais vítimas do que beneficiários do implacável e desumano progresso, que altera todo o equilíbrio biológico ou ecológico de todas as espécies dos reinos animal e vegetal, provocando centenas de males incuráveis que afetam a saúde humana e a toda espécie animal, em nome de um suposto bem à humanidade. Sou apologista de que se deva procurar insumos e metodologias alternativas que sejam viáveis dos pontos de vista econômico, ambiental e social. Isto é, onde toda exploração agrícola ou agropecuária convergisse numa harmonia econômico-ambiental, em que o social fosse também importante – ou mesmo o mais importante nesse quadro. É sabido atualmente que os impactos da agricultura sobre o meio ambiente chegam a situações extremas e quase de irreversibilidade da degradação e da poluição ambiental, causadas pelo uso inapropriado de insumos e mecanização, nocivos a toda vida. Deléage insistia frequentemente, e com justa razão, em que a questão ambiental era eminentemente social. Forçoso é estar de acordo, até porque os princípios do ecodesenvolvimento afastam toda abordagem reducionista, seja ela ecologista, seja ela economista. Dever-se-á pautar toda formulação de políticas de desenvolvimento agrícola ou de quaisquer outras atividades exploradas da natureza por princípios que conclamem a primazia das necessidades de todos os seres vivos, solidários, inclusive as gerações vindouras e que também assumam a necessidade premente de um desenvolvimento social baseado nesse casamento frutuoso do homem com a natureza, já mesmo em benefício da qualidade de vida dos próprios viventes atuais. Por outro lado, este dilema entre a dominação da natureza pelo homem ou a preservação do meio ambiente permanecerá enquanto continuar a ser concebido o uso do meio ambiente pelo prisma de um modelo de desenvolvimento unilateral e unívoco. Após a leitura de várias teorias e modelos de desenvolvimento agrícola, ocorreu-me que talvez valesse a pena pensar em algum que fosse mais diversificado, o que supõe, desde logo, optar por uma orientação teórica capaz de perceber a complexidade dialética dos objetos e situações envolvidas nessa relação do meio natural com o meio social, reaprendendo mesmo tal relação. Um tal reaprendizado será necessariamente perpassado por conflitos e envolverá adaptação de tecnologias já existentes, desenvolvimento de novos hábitos e novas tecnologias, pesquisas de produtos e geração de novos conhecimentos direcionados para a previsão e a prevenção dos impactos negativos da atividade agrícola (e não só ela), quer incidam eles sobre o meio ambiente, quer sobre o meio social. Obviamente que sem prejuízo para a produção nem para a competitividade, que são pressupostos para a sobrevivência da espécie e perpetuação da humanidade. Sendo assim, a política econômica deve levar ao desenvolvimento e à adoção de tecnologias que promovam o desenvolvimento sustentável, competitivo, procurando preservar sempre e dentro do possível os recursos naturais para o uso das gerações futuras.

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