MEU ROMANCE

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O DIA QUE NGOLA DESCOBRIU PORTUGAL

ESCRITOR & PROFESSOR


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Boaventura, a ilustre visita...

BOAVENTURA CARDOSO, UMA VISITA ILUSTRE...

Quanto me disseram que o escritor angolano Boaventura Cardoso viria ao Tocantins, fiquei maravilhado e ao mesmo tempo admirado... Maravilhado porque sou “fã de carteirinha” desse ilustre escritor desde minha juventude... Evidentemente, a decisão do governo estadual, em convidar este ilustre nacionalista angolano, diplomata e homem de letras nos honra bastante... No entanto, ficamos ainda mais gratificados quanto a Academia Palmense de Letras, do qual sou presidente, foi convidada para recepcioná-lo. Admirado, por exatamente ser convidada a personalidade mais ilustre da literatura e diplomacia angolana! Como sabem que o Boaventura também é um dos mais laureados escritores do espaço lusófono? Na verdade, poderia ser recepcionado apenas como Governador de uma das mais belas e prósperas províncias angolanas ou mesmo como diplomata! Mas o estado de Tocantins tem a sensibilidade de recebê-lo, também, na qualidade escritor. Este gesto do governo local para além de certíssimo é gratificante para ele e para as duas casas de letras: a de Agostinho Neto e a de Machado de Assis, atendendo, como é evidente, serem estes os maiores expoentes da literatura das duas pátrias irmães! É por isso que ficamos duplamente felizes... E eu triplamente... Porque sou também angolano! Não sei quem é o pai do Brasil, mas de que Angola foi Mãe Preta, que o trouxe ao colo e o “amamentou culturalmente” – tenho toda a certeza! Certamente que o nosso ilustre visitante aqui no Brasil e em particular em Tocantins reencontrará Angola nos seus múltiplos aspectos. Quando ouvir a cadência do batuque dos “Tambores do Tocantins”, os “Mbulumbumbas”, aqui chamado de berimbau, o infalível semba, com outro requinte, metamorfoseado para samba, quando provar os quitutes baianos, o inarredável quigombó que aqui é o quiabo, a teimosa jinguba que é o amendoim. Quando ver o “Ngolo” – dança da zebra – batizado em “capoeira” no Brasil, as gaferinhas com turbantes, o pescoço com colares e búsios axiluanda, o pano traçado e rodado como em Angola, o andar rebolado das mulheres, o requebro provocante... Certamente vai se sentir entre angolanos sem de fato estar em Angola. sem dúvidas uma herança dos usos e costumes destas duas nações proeminentes do continente americano e africano que nós tanto amamos!

Boaventura Cardoso deu inicio a sua carreira literária em 1967, com a publicação de vários contos e poemas em jornais luandeses. É um ficcionista com uma obra feita de seis livros, sendo três de contos e três romances: Dizanga dia Muenhu (Lisboa), que já está na sua quinta edição, sendo a última publicada em Roma, Fogo da Fala, a Morte do Velho Kipacaça (Lisboa), o Signo do Fogo (Porto), Maio, Mês de Maria (Porto); Mãe, Materno Mar (Porto). Escritor é membro fundador da União dos Escritores Angolanos (congênere da Academia Brasileira de Letras) com obra publicada e referenciada em antologias e estudada em universidades angolanas, brasileiras, americanas, francesas e italianas No contexto das práticas filosóficas africanas pode dizer-se que o autor engrossa a lista daqueles escritores que dão forma à tendência que introduz o elemento narrativo. Nisso reside a valorização do que se tem chamado “Sage Phylosofhy”. Foi Secretário do Estado da Cultura, Ministro da Informação, Ministro da Cultura, Embaixador Extraordinário e plenipotenciário de Angola em França, Itália e Malta. Atualmente é Governador da Província de Malange!

Ía me esquecendo... O Obi, planta-chiclete dos baianos, para eterna mastigação que é a cola em Angola... E quem come cola fica em Angola! O que vamos oferecer para comer ao escrito Boaventura para ficar em Tocantins? A Vanja já pensou...

In " Palmensis Mirabilis" de João Portelinha

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