MICHAEL, O MENINO PRODÍGIO...
Michael Jackson foi um menino prodígio. Com apenas cinco anos cantava e dançava como gente grande! Consta-se que, mesmo na condição de adulto, andava com um cartão de visita no qual se lia “ex-menino prodígio”, dizem os biógrafos e os historiadores que aos três anos falava como um adulto, aos quatro lia corretamente, aos anos cinco anos escrevia peças de teatro, representava sozinho vários personagens de “king Lear”, cantava e dançava como ninguém... Ele era possivelmente o mais típico menino prodígio do mundo do espetáculo. Onde, no entanto, os exemplos não faltam... O que é característico na carreira de Michael é ainda o facto de, apesar de ser vulgarmente considerado “um pouco desmiolado” pela imprensa internacional, ninguém nega que ele continuou sempre, apesar disso, um grande gênio. O problema é que a noção do gênio, em arte, possui uma axiologia complexa, pois o gênio é simultaneamente encarado como o criador excepcional, quase no sentido metafísico do termo, mas também como o mais completo irresponsável, segundo os preconceitos do senso-comum. Os gênios quase sempre são considerados loucos! Ora, a criança gênio, como muito bem notou R. Barthes nas “Mitologias”, corresponde às mil maravilhas ao mito central da arte burguesa, pois a irresponsabilidade do artista é agora reforçada e sublimada na imagem de inocência própria da criança. Num meio como do espetáculo, em que o espírito de concorrência e sensacionalismo impera, em que o lema “tempo é dinheiro”, fundamento das sociedades industriais desenvolvidas, se tornou a obsessão primordial, o menino prodígio realiza a ambição secreta de qualquer homem de negócios Porque o menino prodígio começa fazendo aos quatro anos ou aos seis aquilo que normalmente as pessoas só começam fazendo aos vinte. Refiro-me, obviamente, não só às habilidades do espetáculo (cantar, dançar, representar) como à capacidade de ganhar dinheiro. A criança começa a render tanto como um adulto, nalguns casos mesmo mais, inculcando-se por isso uma rotina profissional (horários inadequados à sua idade, ensaios, espetáculos, publicidade, entrevistas, etc.) que, quase sempre, vai privar a criança do seu próprio tempo é, consequentemente, do seu mais precioso direito que é justamente, apenas o de ser uma criança como as outras... A carreira profissional dos meninos prodígio encontram-se, assim, constantemente ameaçada. Primeiro, porque, ao crescerem, deixam de ser meninos e, por conseguinte, deixam de ser prodígios... Segundo, porque, perdido o estatuto que lhes deu fama, dificilmente se adaptarão a outra imagem de marca diferente daquela que os empresários impuseram ao público. Penso que foi uma das razões que fizeram Michael comportar-se sempre como uma eterna criança! Salvo raras exceções, como Juddy Garland, Elizabeth Taylor e Orson Welles, que dizia ser Hollywood o maior brinquedo que jamais o proporcionaram, crianças que se iniciaram cedo no meio artístico e cuja vida adulta foi um autêntico repositório de escândalos e de carências afetivas, não tiveram uma carreira assinalável depois da maturidade. Shirley Temple, estreada aos três anos, continuou eternamente a forçar o papel da menina ingênua e virginal até cair
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