MEU ROMANCE

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O DIA QUE NGOLA DESCOBRIU PORTUGAL

ESCRITOR & PROFESSOR


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

OBAMA OU McCAIN?

Certo amigo meu, sugestionado pela insistente propaganda que se fazia na imprensa nacional a favor de Barack Obama, antes mesmo da sua vitória, como prenúncio de mudanças para melhor nas relações políticas e econômicas entre o Brasil e EUA. Confidenciou-me, que era totalmente a favor a vitória do candidato democrata, inclusive pelos laços que possuía com África. Não o questionei a propósito, na medida em que eu próprio, e toda gente que nos rodeava, ‘torcíamos’ pelo mesmo candidato e, certamente, pelas mesmas razões. Qual foi meu grande espanto? Noutro dia, o meu amigo, mudou totalmente de opinião, alegando, que John McCain, sim, esse é que era o verdadeiro defensor dos interesses econômicos brasileiros. Isso, por que, de um lado, defendia a produção do metanol brasileiro, e de outro, por ter tido, quando era ainda um jovem marinheiro, uma namorada brasileira! Afinal, de contas, segundo ele - isso na brincadeira, é claro – ele seria “quase parente”. Em função dessa polêmica toda... Veio-me a tona, uma estória muito interessante, que me foi contada há algum tempo, que faz parte do rico folclore caipira e contei-o, também, a jeito de brincadeira: Pedro ficava muito aborrecido com a mania de Jesus fazer jejum. E ficar sempre em casa de pobre, onde a gente recebe pouco alimento. Ele vivia resmungando dizendo: “Quem não pode não se estabelece. Que mania é essa de andar pelas ruas... A gente fica com fome andando o tempo todo. Se ao menos fossemos nas casas dos ricos... “Jesus ouviu a queixa de Pedro e disse:” Esta bem, Pedro, vai hoje à casa de um rico. Quem sabe se a gente consegue passar melhor. Então batem à porta de um rico. Eram os três: Jesus, Pedro e seu irmão, André. O rico abriu a porta e pensou: “Vou pregar um peça nesses vagabundos que estão aí, que ficam pedindo esmola em vez de trabalharem”. E disse baixinho para o seu criado.” Ponha esses três numa cama grande. “Durante a noite cada um deles vai levar uma sova, e serão capazes até de se acusarem uns aos outros”. E como Pedro nessa hora andava pela casa procurando comida, nada percebeu. Mas no final da noite, quando eles foram dormir, o dono da casa disse novamente para o criado: “Olha, para aquele que se deitar a beira da cama, dê um doce, mas somente para aquele que está na beira da cama. Ouviu?”. Pedro também ouviu. E naturalmente na hora de escolher o seu lugar na cama, disse para Jesus e para André: “Eu quero ficar na beira da cama, não me acostumo em outro lugar”. E assim ficou aconteceu. Durante a noite veio o criado e deu uma valente tunda naquele que estava na beira, conforme o patrão tinha mandado. E Pedro ficou aflito, sem poder dizer nada. Levantou-se e ficou andando pela casa, quando ouviu o patrão dizer: “Agora está na hora de você dar uma recompensa para aquele que ficar no meio”. Pedro correu lá e disse a Jesus: “Olha, eu não me acostumei a ficar a beira da cama, não é o meu lugar. Essa cama é muito esquisita, eu quero ficar no meio”. Jesus aceitou e Pedro ficou no meio. Passou algum tempo, veio o empregado e deu outra surra memorável naquele que estava no meio. Aí Pedro disse: “Eu não tenho sorte mesmo, vai ver que esse não é o meu lugar”. Levantou-se e ouviu a terceira recomendação: “O presente é para aquele que estiver no cantinho, entendeu?”. Então ele foi incomodar André que estava no cantinho e disse: “André, vai para o meio que eu quero ficar no cantinho”. E recebeu a terceira sova! De manhã cedo. Jesus agradeceu a boa pousada que eles tinham recebido, e foram-se embora. E perguntou: “Então Pedro, você acha que é bom ficar em casa de rico?” E Pedro respondeu: “Não é bom, não. A gente pode estar no canto, no meio ou na beira da cama que apanha sempre”. Entenderam a mensagem? Na prática da cultura popular, rente ao cotidiano, existe uma sabedoria que se traduz, muitas vezes, em historietas ou em provérbios e que são não raro belíssimas como esta de Pedro, que o povo nos ensina que a relação com os ‘poderosos’ é muito “perigosa”, uma relação muito cheia de ‘decepções’. Não se pode confiar muito nos seus “bons propósitos”... É preferível, afinal, não confiarmos que a simples vitória de um ou de outro candidato vá mudar o mundo para melhor ou pior, mesmo sendo... “Quase parentes”!

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