O SENTIDO DA AMIZADE E O VIRA- LATA DE OBAMA
Uma jornalista perguntou ao Presidente Obama se levaria um cachorro para a Casa Branca! Pareceu-nos uma simples brincadeira da jornalista. Na verdade, é uma tradição dos presidentes americanos fazê-lo. Um dos primeiros mandatários da Casa Branca levou um, alegando que um presidente precisava de um verdadeiro amigo! Os cachorros sempre roubam a cena após a decisão eleitoral presidencial dos EUA. As filhas de Obama, já haviam expressado que queriam um ”goldendoodie” mistura de raças golden retrivier com poodle. No discurso da vitória, Obama diz que vai levar um filhote de um vira-lata, como ele, brincou... Já o ex-presidente José Sarney escreveu um livro sobre sua experiência presidencial onde nos confidência que os presidentes são as pessoas mais solitárias que existem...Provavelmente, sejam estes, apologistas, da famosa frase de Jorge Eliot: os animais, sim, são amigos agradáveis, não fazem perguntas, não criticam e não contam as “criticas” que ouvem... Na verdade, o ser humano precisa de amizade, de camaradagem, de compreensão, mesmo que sejam dos nossos prestáveis caninos. Se a compreensão é insuficiente e a amizade demasiado difícil, há em nós uma espécie desencanto... O que é amizade, o que é camaradagem? Apesar das flutuações da terminologia, há profundas diferenças entre camaradagem e amizade. Uma pessoa não escolhe os seus camaradas – são proporcionados pelas circunstâncias -, mas escolhe seus amigos. Aprendi isso depois de velho! As leis da camaradagem emanam de uma certa moral e são garantidas pela pressão social, mas a relação amigável é efetiva e sentimental, implica um tipo de comunicação que comporta a confiança recíproca, o desejo de compreensão afetiva, pelo menos parcial da personalidade de outrem. A camaradagem estabelece-se, em situação igual, com todos aqueles que se encontram com regularidade no mesmo espaço ou lugar, mas desaparece a partir do momento em que o motivo do encontro deixa de se apresentar. Ao invés, a amizade, mesmo quanto nasce no emprego, na política, sobrevive a esta, cria oportunidades de encontros, continua através do tempo. Eventualmente, o correio, telefone ou a Internet faculta a aproximidade espacial. Nós podemos revelar a um amigo o que não nos atreveríamos nem desejaríamos dizer a qualquer outra pessoa. É a noção de intimidade que a define: as personagens interpretadas em público são ultrapassadas e tende-se para a veracidade das atitudes e sinceridade das palavras. Espera-se dela um reconforto nos dissabores, um encorajamento por ocasião das dificuldades. Compreende-se, pois, o motivo pelo qual um individuo aspira e deseja a amizade, e sofre se não a encontra. Mas quando se espera demasiado dela, tal exigência pode constituir-se por vezes na sua própria ruína. Idealista que somos, exageramos as possibilidades de compreensão recíproca que ela permite. Se há amizades que persistem e se consolidam, também existem as que se deterioram ou se esgotam. Nesses casos, o individuo ou deixa de “acreditar na amizade” ou procura por outras. Postula a “verdadeira amizade” para além da que atualmente experimenta e da qual exige demasiado para que ela possa dar tudo o que lhe parecia prometer. Todavia, mesmo quando redunda numa decepção, a experiência é positiva, porquanto, permitindo permutas, suscita uma certa reflexão de si próprio, dos defeitos, virtudes se as houver e, finalmente, ajuda a compreensão dos outros. Amigos não são aqueles que nos adulam apenas quando somos seus chefes e ao deixar de sê-lo, quase sempre nos olvidam e até, por vezes, nem nos cumprimentam. Sensato é não confundirmos conhecidos por amigos. A verdadeira amizade é tão preciosa, que só a um reduzido número de pessoas confiro hoje esse privilégio e, a um cachorro vira-lata que possuo, mesmo antes de Obama. A propósito, o terrier de Buch, Barney, ao deixar a Casa Branca (daí a raiva?...), mordeu o repórter, da Agência de Notícias “Reuters”, durante a caminhada presidencial no dia 7 de novembro! Não dizem, por aí, que os cachorros se parecem sempre aos seus donos... Então? Não foi sem razão, que o filósofo da antiga Grécia, em pleno dia, com um lampião nas mãos, procurava um verdadeiro amigo. Não seria mais fácil “arrumar” um amigo vira-lata? Antes que me esqueça...O cão de Obama é português!
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